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09/03/2022 às 09h27min - Atualizada em 09/03/2022 às 09h27min

ALERTA PARA GRAVIDEZ ENTRE ADOLESCENTES

A gravidez na adolescência sempre foi um assunto preocupante no Brasil e, principalmente em função da dificuldade de acesso aos métodos contraceptivos, as taxas ainda são consideradas altas

Assessoria de imprensa, Nathalia Gorito
* Denise Leite Monteiro - Secretária da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Infanto Puberal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e Professora Titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e UNIFESO (Teresópolis)

Um levantamento do Ministério da Saúde, em parceria com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), apontou o país com mais de 19 mil nascidos vivos por ano, de mães entre 10 a 14 anos.

O relatório “Situação da População Mundial do Fundo de População” da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que o Brasil ultrapassa a média mundial, apresentando o número de 53 adolescentes grávidas para cada mil adolescentes. Em outras partes do mundo, são 41 meninas para cada mil. Já, quando é comparado o índice de fecundidade de mulheres de todas as faixas etárias, o Brasil está abaixo da média global de 2,5, apresentando 1,7 por mulher.

A justificativa para os elevados índices de gravidez na adolescência envolve questões muito amplas, desde o nível socioeconômico cultural e a pouca taxa de escolaridade, iniciação sexual precoce, hipervalorização do sexo, passando pelo conhecimento limitado sobre os métodos anticonceptivos e a dificuldade de acesso à contracepção efetiva de qualidade até a falta de participação do parceiro na anticoncepção.

O estudo “Tendências da gravidez na adolescência no Brasil nos últimos 20 anos” revelou que a gestação na adolescência apresentou uma diminuição importante nos últimos anos, especialmente, a partir de 2014. Em 2009, a cada 5 bebês brasileiros,  um   era filho de mãe adolescente. Em 2020, com a redução da gravidez na adolescência, de cada 7 bebês, um é filho de adolescente. Contudo, apesar do decréscimo, a situação ainda apresenta índices, relativamente altos, quando comparados a outros países, em especial, envolvendo a gestação de meninas entre 10 e 14 anos. É essencial ressaltar que a expectativa era um aumento da gravidez na adolescência, durante a pandemia de Covid-19. No entanto, enquanto o nascimento de bebês filhos de mães adolescentes correspondeu a 14,7%, em 2019, esse número foi um pouco menor em 2020, representando o total de 14%. 

A gravidez precoce tem repercussões na vida da menina/mulher, do parceiro e do bebê.  Algumas adolescentes enfrentam dilemas psicológicos, decorrentes ou agravados com a maternidade precoce e, conflitos familiares. A evasão escolar precoce e as dificuldades com o parceiro resultam, muitas vezes, em abandono e maternidade solitária.

O grande desafio continua sendo a reincidência de gestação na adolescência, mostrando estar associada ao aborto prévio e ao casamento precoce, pois viver em união estável ou ser casada, leva à baixa adesão aos métodos contraceptivos e abandono dos estudos. A reincidência está em níveis entorno de 30%, desde 2014, sem redução.

A melhor estratégia para a proteção à saúde física, psicológica e social dos adolescentes, considerando o nível de saúde pública, é investir em prevenção.

Os custos de uma gravidez e parto precoces afetam a adolescente, sua família, a economia, o desenvolvimento e o crescimento da nação. O impacto econômico está, intimamente, ligado ao impacto educacional e envolve a exclusão de empregos ou meios de vida remunerados, custos suplementares com o setor de saúde e a perda de capital humano.

É fundamental ressaltar que investimentos em saúde e educação são ótimas ações para promover o crescimento econômico e o bem-estar humano e primordial para a prevenção de uma gestação precoce.

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