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18/09/2021 às 20h51min - Atualizada em 18/09/2021 às 20h51min

Erupção de vulcão vai causar tsunami no Brasil? Não, mas vale o alerta. Entenda!

CanalTech
Foto: Reprodução
Desde o último 11 de setembro, as atividades sísmicas na região do vulcão ativo Cumbre Vieja, localizado na ilha de La Palma, na costa do continente africano, têm se intensificado. O Plano Especial de Proteção Civil e Atenção às Emergências de Risco Vulcânico das Ilhas Canárias (Pevolca) elevou o alerta de verde para amarelo — o segundo em uma escala de quatro níveis —, o qual indica que pode acontecer uma erupção, mas não necessariamente tal erupção geraria um maremoto.

Em nota, a Pevolca até mesmo informou uma diminuição da atividade sísmica, mas não descarta que o vulcão entre, de fato, em erupção. Por isso, as autoridades locais mantêm o alerta amarelo, intensificando as tarefas de vigilância e monitoramento.

A notícia "bombou" nos últimos dias, pois, segundo alguns especialistas, a erupção do Cumbre Vieja poderia produzir um tsunami que atingiria a costa das Américas, sendo seu maior impacto no litoral norte e nordeste do Brasil. Mas as chances de algo assim acontecer, por enquanto, são bastante remotas.

Atividades do Cumbre Vieja
Adormecido desde 1971, o Cumbre Vieja tem experimentado um aumento da atividade sísmica desde 2017, a qual se intensificou em 2020. Agora, o vulcão começa a dar sinais de mais força e de uma possível erupção. Nos últimos dias, o nível dos abalos sísmicos atingiu uma magnitude superior a 3.

Em recente relatório, a Pevolca informou uma clara diminuição da atividade sísmica, com notável intensidade em profundidas de 6 a 8 km. Este cenário pode evoluir rapidamente no curto prazo — a queda na sismicidade pode ser temporária e não significa, necessariamente, uma interrupção da reativação do Cumbre Vieja.

Na mesma nota, o comitê científico destacou não haver dados que sustentem a hipótese de um colapso do flanco oeste do Cumbre Vieja, o qual produziria um grande maremoto. O aumento gradual da atividade sísmica é natural antes de uma erupção, mas esse processo pode durar muito tempo.

Em vermelho, a localização do vulcão Cumbre Vieja (Imagem: Captura de Tela/Google Maps)

Em vermelho, a localização do vulcão Cumbre Vieja (Imagem: Captura de Tela/Google Maps)


No estado de alerta amarelo, as informações às comunidades locais e as medidas de vigilância e monitoramento da atividade sísmica são intensificadas. Em outras palavras, os moradores da região devem permanecer atentos ao desenvolvimento do vulcão, mas sem sentimento de pânico geral. Apenas no nível seguinte de alerta — o laranja — é que haveria a necessidade de iniciar uma evacuação preventiva. Já no alerta vermelho, seria necessária uma evacuação imediata e urgente.

A costa brasileira corre risco de tsunami?
Em entrevista ao Canaltech, o professor de geologia costeira da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rodolfo José Ângulo, explicou quais são as reais possibilidades da formação de um maremoto em função da erupção vulcânica do Cumbre Vieja e, consequentemente, de um tsunami atingir o Brasil. Segundo ele, é importante entender que, antes de se falar em qualquer possibilidade de um tsunami, deve-se acompanhar a evolução das atividades sísmicas do Cumbre Vieja.

As chances de o vulcão entrar em erupção são altas, apontou Ângulo; afinal, ele está ativo. Mas “o maior problema é saber em qual momento exato isso acontecerá; por isso o alerta amarelo foi acionado”, acrescentou. O Cumbre Vieja pode permanecer em atividade por horas, dias ou semanas sem que, necessariamente, entre em erupção — ou pode ser que até mesmo a atividade sísmica caia e não aconteça nada.

Vulcão Cumbre Vieja (Imagem: Reprodução/Hello Cannary Islands)

Vulcão Cumbre Vieja (Imagem: Reprodução/Hello Cannary Islands)


Em relação à possibilidade de tsunami, o professor disse até ser uma possibilidade real, pois algumas previsões apontam para o desmoronamento de uma das laterais do vulcão e isto produziria um maremoto. Contudo, “a onda dependerá do tamanho e do volume do material que poderá deslizar para o mar”, ressaltou Ângulo — o que é impossível de prever. Se realmente acontecer uma erupção que despeje material suficiente para causar um maremoto, um tsunami poderia, sim, chegar à costa brasileira. No entanto, conforme explicou o professor, não há como estimar o tamanho de tal desmoronamento, tampouco seu impacto, sem que o Cumbre Vieja entre em ação.

Ou seja: tudo, por enquanto, não passa de mera especulação, com base em probabilidades mínimas apoiadas por cenários muito específicos extraídos de simulações. Mas, de qualquer maneira, vale o alerta. Para Ângulo, nosso país poderia "aproveitar esse momento de alerta para criar um comitê que acompanhe essas atividades, e que trabalhe junto às autoridades costeiras para ter um programa de evacuação caso o evento aconteça”.

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