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23/05/2021 às 12h52min - Atualizada em 23/05/2021 às 12h52min

Câncer de pulmão: conheça sintomas, fatores de risco, diagnóstico e tratamento da doença de Rita Lee

A cantora Rita Lee anunciou nos últimos dias em suas redes sociais que foi diagnosticada com câncer de pulmão

BBC
A cantora Rita Lee usou sua conta no Instagram para anunciar a descoberta da doença aos fãs e seguidores
De acordo com as informações divulgadas em seu perfil no Instagram, ela fez exames de rotina no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e os médicos descobriram um tumor primário em seu pulmão esquerdo.

"Bem assistida por uma junta médica, formada pelo Dr. Óren Smaletz, Prof. Dr. José Ribas M. de Campos, Dra. Carmem Silva Valente Barbas e Dr. Ícaro Carvalho, [Rita Lee] já se encontra em casa, e dará sequência aos tratamentos de imuno e radioterapia. Agradecemos as orações e a Luz Divina", diz o comunicado.

A notícia teve grande repercussão e causou comoção entre os fãs da artista de 73 anos, nacionalmente famosa por ser integrante da banda Os Mutantes, nos anos 1960 e 1970, e por sua carreira solo, marcada por canções de grande sucesso como "Ovelha Negra", "Lança Perfume", "Desculpe o Auê" e "Amor e Sexo".

O câncer de pulmão é o segundo tipo mais frequente tanto em homens quanto em mulheres (só fica atrás dos tumores de próstata neles e de mama nelas).

De acordo com as estatísticas oficiais do Instituto Nacional de Câncer (Inca), 30,2 mil novos casos da doença são diagnosticados todos os anos no Brasil. A mortalidade também é alta: são mais de 29,3 mil óbitos por esse tumor a cada 12 meses no nosso país.

A boa notícia é que o tratamento do câncer de pulmão evoluiu muito na última década -- alguns especialistas falam até numa "revolução" na oncologia. A chegada dos primeiros remédios da classe dos imunoterápicos aumentou consideravelmente o tempo de vida dos pacientes.

Antes, os médicos calculavam em meses a expectativa de vida após o diagnóstico. Graças aos novos medicamentos, hoje é possível falar em anos de sobrevida.

Fatores de risco
O câncer de pulmão costuma estar diretamente relacionado ao tabagismo. "Cerca de 90% dos casos desse tumor estão associados ao cigarro, mas é preciso dizer que não fumantes também podem desenvolvê-lo", estima a médica Clarissa Mathias, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.

Embora não seja possível saber os detalhes específicos do caso de Rita Lee, a cantora já declarou ser fumante inúmeras vezes. Numa entrevista ao jornal Extra em 30 de agosto de 2020, a artista disse que não usava drogas há 15 anos, com exceção do cigarro.

Em linhas gerais, o Brasil possui uma das melhores políticas públicas contra o tabagismo do mundo: nos últimos 30 anos, a porcentagem de fumantes na população caiu dramaticamente. Em 1989, 34% dos adultos brasileiros fumavam. Em 2019, essa taxa havia sido reduzida para 12,6%.

Embora essa diminuição do tabagismo ainda não tenha impactado os números de câncer de pulmão no país, os especialistas esperam que isso comece a ser observado a partir dos próximos anos.

"E devemos ficar atentos, pois houve um certo arrefecimento nas campanhas anti-tabagismo nos últimos anos e vemos um maior interesse dos jovens pelo dispositivos eletrônicos de fumo, que também causam problemas de saúde e servem de trampolim para o cigarro convencional", alerta Mathias.

Diagnóstico
O câncer de pulmão é uma doença silenciosa em seus primeiros estágios. Isso significa que os sintomas, como tosse, dor no peito e falta de ar, só aparecem quando a doença está avançada demais.

É por isso que os médicos indicam os exames de rastreamento (o famoso check up), que devem ser feitos com alguma periodicidade.

De acordo com as últimas diretrizes nacionais e internacionais, todos os indivíduos com mais de 50 anos que fumam (ou fumaram por muitos anos) precisam passar por uma tomografia de tórax por ano. Um estudo da Universidade Erasmus, na Holanda, descobriu que essa prática diminui em 26% a mortalidade por câncer de pulmão entre homens.

Nas mulheres, essa queda é ainda maior e varia entre 39% e 61%. Mas o que explica essa redução na mortalidade?

É que, ao descobrir a doença logo cedo, é possível lançar mão de tratamentos mais simples e efetivos, antes que as células cancerosas se espalhem pelos pulmões ou afetem outras partes do organismo.

Ao contrário de outros testes de rastreamento que são bem conhecidos por todos, como a mamografia nas mulheres e o toque retal ou o PSA entre homens, a tomografia para flagrar o câncer de pulmão não é algo que faz parte da rotina.

Mathias chama a atenção para o fato de que esse exame ainda não está incorporado dentro dos programas de rastreamento brasileiros. "Os estudos são consistentes, nós temos tomógrafos disponíveis no país e várias sociedades de especialistas fazem essa recomendação", diz a oncologista clínica.

Portanto, se você ou alguém da sua família fuma (ou fumou por muitos anos), é importante conversar com o médico e ver se vale a pena realizar essas tomografias anuais.

Vale destacar ainda que esse exame de imagem não é suficiente para fechar o diagnóstico.

Se for encontrado algum indício suspeito, como uma mancha no pulmão, são necessários testes mais específicos para entender se aquela descoberta inicial é algo preocupante ou não. Muitas vezes, o paciente precisa passar por uma biópsia, em que um pedacinho do pulmão é retirado e vai para uma análise num laboratório de patologia. É esse resultado que vai determinar se aquelas células são malignas ou não.

Segundo a postagem no Instagram, Rita Lee deve ter passado por todas essas etapas.

O diagnóstico de um "tumor primário no pulmão esquerdo", como foi descrito, indica que a doença se originou nessa parte do sistema respiratório mesmo — sempre existe a suspeita de um quadro ainda mais grave, em que o problema se desenvolve em algum outro lugar do corpo e se espalha, num processo conhecido como metástase.

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