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09/04/2021 às 09h13min - Atualizada em 09/04/2021 às 09h13min

Aquecimento global coloca um terço das placas de gelo em risco de colapso

Pesquisa da Universidade de Reading afirma que, caso a temperatura global aumente mais do que o previsto, o nível dos oceanos deve se tornar perigoso

CNN
Enorme iceberg que separou-se da placa de gelo Larsen C, na Antártica - Foto: Mario Tama/Getty Images
Mais de um terço das placas de gelo antárticas estão sob risco de colapsar no mar caso a temperatura global aumente em até 4 graus Celsius do que era na época pré-industrial devido às mudanças climáticas que deixam o planeta mais quente, afirma um estudo da Universidade de Reading, no Reino Unido.

Em um estudo de previsões, os pesquisadores perceberam que 34% da área de todas as placas de gelo da Antártica — que juntas medem meio milhão de quilômetros quadrados —, podem ser desestabilizadas caso a temperatura do globo aumente em 4°C. Cerca de 67% do território da Península Antártica estaria em risco de desestabilização dentro desse cenário, dizem os cientistas.

As placas são plataformas de gelo que flutuam permanentemente e são acopladas às áreas costeiras, formadas onde as geleiras se encontram com o mar. Elas podem ajudar a limitar o aumento do nível dos oceanos agindo como uma barragem, diminuindo o ritmo do derretimento do gelo, e portanto do aumento das águas nos oceanos.

Todos os verões, o gelo da superfície das placas derrete e acaba sendo derramado em pequenas fendas na neve, onde congela-se novamente. Mas quando há muito derretimento e pouca neve, essa água acaba formando pequenas piscinas na superfície do gelo ou escorre nas crevasses (fissuras no gelo). Esse processo pode tornar as fissuras maiores e mais profundas, causando o rompimento da placa e seu colapso no mar.

“Placas de gelo são amortecedores importantes para prevenir que as geleiras no continente flutuem livremente para o oceano e contribuam para o aumento do nível da água. Quando elas colapsam, é como uma rolha gigante sendo retirada de uma garrafa, permitindo que quantidades inimagináveis de água vindas das geleiras sejam derramadas no mar”, disse Ella Gilbert, principal autora do estudo e cientista do clima no departamento de Meteorologia da Universidade de Reading, em nota.

Gilbert disse que áreas costeiras mais baixas, em particular de pequenas ilhas, como Vanuatu e Tuvalu, no Sul do Oceano Pacífico, estão em maior risco no caso de aumento do nível dos oceanos.

“Entretanto, áreas costeiras de todo o mundo estariam vulneráveis, e países com menos recursos para mitigar e adaptar-se ao aumento do nível do mar veriam as piores consequências”, declarou.

No novo estudo, que usou modelos regionais de alta-resolução para prever os impactos do aumento do derretimento das geleiras e do escorrimento de água na estabilidade das placas de gelo, pesquisadores afirmam que limitar a temperatura a mais 2°C ao invés de 4°C diminuiria pela metade a área em risco e potencialmente evitaria um aumento significativo dos mares.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas concluiu em um relatório histórico que temos apenas até 2030 para reduzir drasticamente nossa dependência em combustíveis fósseis e proteger o nosso planeta de alcançar o limite de aumento de 1,5°C em relação à temperatura global pré-industrial.

A rede global de emissões de dióxido de carbono precisaria cair em 45% em relação aos níveis registrados em 2010 até 2030 e chegar ao “patamar 0” para manter o aquecimento em por volta de 1,5°C.

“As descobertas destacam a importância de limitar o aumento da temperatura global como previsto no Acordo de Paris se quisermos evitar as piores consequências das mudanças climáticas, incluindo o aumento dos níveis dos oceanos”, acrescentou Gilbert.

No Acordo de Paris, 197 países concordaram com a meta de manter as temperaturas globais “bem abaixo” dos 2°C acima dos níveis pré-industriais e perseguir esforços para limitar o aumento a 1,5°C. Mas já estamos no caminho para um mundo 3,2°C mais quente até o final do século.

Gilbert disse  que temperaturas mais altas significam que derretimentos ocorrerão mais frequentemente e intensamente. Pesquisadores já identificaram quatro placas de gelo que estariam ameaçadas por um clima mais quente: Larsen C, Shackleton, Pine Island e Wilinks, que são mais vulneráveis devido a sua geografia, e ao derramamento previsto para essas áreas.

A Larsen C é a maior placa a resistir na Península Antártica, e a geleira Pine Island chamou muita atenção nos últimos anos pois está derretendo rapidamente em resposta às mudanças climáticas, afirmou Gilbert.

Se todas essas placas de gelo colapsaram, o que não é garantido, as geleiras que elas atualmente retêm se derramariam nos oceanos, contribuindo para o aumento do nível dos mares — potencialmente em dezenas de centímetros. 

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