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28/03/2021 às 11h44min - Atualizada em 28/03/2021 às 11h44min

Covid-19: 38% dos brasileiros mortos neste ano não passaram por UTIs

Olhar Digital
Com pouco menos de três meses desde a chegada de 2021, mais de 28 mil brasileiros morreram de Covid-19 sem passar por uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Isso significa que 38% das vítimas, de um total de 73.105 mortes registradas pelo vírus neste ano, não conseguiram ser internadas, de acordo com dados do Sivep-Gripe.

O levantamento, feito pelo O Globo, considerou óbitos de pacientes diagnosticados com Covid-19 e indivíduos que foram classificados com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) não específica — cujos sintomas englobam perda de olfato ou paladar, febre acompanhada de tosse, baixa saturação de oxigênio no sangue, dor de garganta, falta de ar e desconforto respiratório — durante as 11 primeiras semanas de 2021.

Em algumas regiões, a taxa chega a ser ainda mais alta: em Santa Catarina, por exemplo, o número de vítimas de Covid-19 que não passaram pela UTI não baixa dos 53% há quatro semanas. No Rio Grande do Sul, o índice ultrapassou os 50% no começo de março, enquanto São Paulo e Rio de Janeiro alcançam marcas de 41% e 35%, respectivamente.

Os dados reforçam o colapso do sistema de saúde brasileiro, fato que já era previsto por conta do aumento de casos desde dezembro de 2020 e pela lentidão do Governo Federal em adotar ações para combater a Covid-19 no país. Para se ter ideia, na semana que terminou no último sábado (20), cerca de 727 hospitais brasileiros registraram mais de 50% de mortes de pacientes que não estiveram na UTI.

“Todo o Brasil está em colapso, e o primeiro sinal é a morte fora do hospital, em casa”, apontou Domingos Alves, cientista da USP de Ribeirão Preto.

Brasil sofre com superlotação de leitos de UTI por conta da alta taxa de infectados pelo coronavírus. Foto: Hospital Nossa Senhora das Graças/Divulgação

Brasil sofre com superlotação de leitos de UTI por conta da alta taxa de infectados pelo coronavírus. Foto: Hospital Nossa Senhora das Graças/Divulgação



Situação pode ficar ainda pior
Um outro levantamento feito pelo jornal apontou que, até a última sexta-feira (27), 5.432 indivíduos estão na fila de UTIs para vagas de Covid-19. O problema é que a falta de leitos aumenta o risco de vida dos pacientes e pode ser um agravante para um novo aumento das taxas de mortes diárias.

“É preciso descobrir quantas pessoas estão na fila de espera e por quanto tempo. Elas morrem em ambulâncias, sem testagem, e nem entram nas estatísticas. As mortes por falta de atendimento vão aumentar as médias móveis, vamos passar facilmente dos 5.000 óbitos diários”, reforçou o cientista.

Para piorar, muitos pacientes que precisam de hospitais ficam nas UPAs, unidades de pronto atendimento do SUS, cujas estruturas não foram projetadas para medicina intensiva em massa. E como os hospitais estão superlotados, a transferência para unidades melhores estruturadas dá-se de forma lenta, o que aumenta os riscos de mortes de pacientes com Covid-19.

“Sabemos que, se um paciente muito grave ficar na UPA, sem estrutura adequada, ele vai morrer. Então, se aparece uma vaga o transferimos, tentamos lhe dar uma chance. Ele pode morrer no caminho, ele pode morrer na chegada. Mas a chance de sobreviver ainda que reduzida, é maior do que se ficar na UPA”, afirmou Guilherme Martins, médico plantonista da UTI do Hospital Universitário Clementino Fraga (UFRJ) e da UPA do Engenho Novo.

É claro que novas estruturas, mesmo que improvisadas, podem disponibilizar mais leitos aos enfermos. No entanto, enquanto a disseminação do novo coronavírus não for freada no Brasil, a situação só tende a piorar.

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