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03/02/2021 às 10h50min - Atualizada em 03/02/2021 às 10h50min

Abstenção recorde no Enem reflete descaso do poder público com Educação

Assessoria de Imprensa
Foto: Divulgação
A edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2020, aplicado de modo presencial em janeiro de 2021 devido à pandemia de covid-19, mostrou a bagunça que ocorre quando se tem, ao mesmo tempo, uma pandemia mortal e autoridades ineptas à frente da Educação. A taxa de abstenção registrada nesta última edição do exame foi de 55,3%.

Em números totais, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação do Enem, registrou que, dos 5.523.029 inscritos, somente 2.470.396 fizeram a prova. A última vez que houve uma taxa tão alta de não adesão foi em 2009, com percentual de 37,7%.

Não é novidade que a educação sempre foi relegada no Brasil. Entre 2014 e 2019, o segmento sofreu tesouradas que somaram mais de R$ 25 bilhões. Em 2017, por exemplo, o então presidente Michel Temer lançou a PEC 241, aprovada pelos parlamentares para frear os gastos públicos. Entretanto, a medida serviu como trava para investimentos em educação.

O próprio PT, que se orgulha em dizer que é o partido que mais trabalha pela educação, foi o responsável pelo maior corte de verba na área, durante a última década. Em 2015, Dilma Rousseff bloqueou R$ 9,4 bilhões da Educação, além de ter congelado a oferta de novas bolsas do programa Ciência sem Fronteiras, em 2016.

A atual gestão federal segue o mesmo caminho de negligência e desprezo pela pasta e sua primordial função: a de educar. Em dois anos, já passaram pelo Ministério da Educação três ministros e nada indica que o quarto e, atual titular, fique até o fim da gestão, que se encerra em 2022.

O descaso do governo com o setor é evidente com a notícia mais recente que Milton Ribeiro, ministro da Educação, solicitou ao Ministério da Economia a antecipação de R$ 422 milhões para fechar o mês de janeiro. Caso receba uma negativa do ministro da Economia Paulo Guedes - o que é muito provável -, o pagamento de bolsas da Capes e de programas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) estarão comprometidos.

Decerto, não é lucrativo para um governante investir no desenvolvimento do pensamento crítico de seus governados, afinal, que tipo de político tem interesse em formar uma sociedade capaz de questioná-lo e, principalmente, derrubá-lo?

Os resultados obtidos pelos investimentos na educação só poderão ser observados a longo prazo, algo extremamente prejudicial para quem precisa de soluções imediatas para apresentá-las aos eleitores na próxima campanha.

Acreditar, portanto que, em alguns anos, o Brasil disporá de educação de qualidade e, sobretudo, inclusiva; é mera utopia, considerando a conjuntura atual. Em um sistema que finge ouvir os apelos populares, o que resta aos brasileiros, que realmente se importam com o desenvolvimento humano e econômico por meio da educação, é torcer para que a alta taxa de abstenção não migre para escolas e universidades.

 

***Ângela Mathylde – Psicopedagoga e neurocientista


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