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19/11/2020 às 16h36min - Atualizada em 19/11/2020 às 16h36min

Coronavírus: quando uma pessoa com covid-19 deixa de ser contagiosa, com ou sem sintomas

Muitos vírus continuam a se espalhar mesmo muito depois de os sintomas da pessoa infectada já terem desaparecido — tosse ou febre não são os únicos indicadores de que uma pessoa pode infectar outras com um vírus

BBC
Isolamento precisa ser feito por pelo menos dez dias depois do início dos sintomas
É o caso do do novo coronavírus, Sars-Cov-2, que pode continuar sendo contagioso mesmo depois dos sintomas terem sumido, apontam as pesquisas. Mas por quanto tempo? E no caso de pessoas que nunca chegaram a ter sintomas ou nas quais os sintomas foram tão leves que passaram despercebidos?

Incubação
Desde que o Sars-Cov-2 foi detectado na China em dezembro passado, várias equipes científicas têm investigado o período de incubação do novo coronavírus — ou seja, quanto tempo o vírus fica no corpo.

Um desses estudos, conduzido por pesquisadores da universidade Johns Hopkins, nos Estados unidos, e publicado no jornal científico Annals of Internal Medicine em maio, estimou que o período médio de incubação para o novo coronavírus é de 5,1 dias.

Mas esse é o período médio — pode ser maior ou menor, dependendo do organismo da pessoa. A maioria (97,5%) dos infectados que desenvolvem sintomas o fazem antes de chegar aos 11,5 dias desde o momento em que uma pessoa foi exposta ao vírus pelo nariz ou pela boca, segundo o estudo.

"A capacidade de infectar outras pessoas, de transmitir esse vírus a outras pessoas, dura de 7 a 10 dias mais a partir do aparecimento dos sintomas", explica o infectologista Vicente Soriano, professor da Universidade Internacional de La Rioja, na Espanha, e ex-conselheiro da Organização Mundial de Saúde (OMS).

É importante fazer testes e rastreamentos para detectar pessoas assintomáticas

É importante fazer testes e rastreamentos para detectar pessoas assintomáticas



Ele acrescenta que, a partir desse momento, quando os sintomas já passaram ou desapareceram, a possibilidade de infectar outras pessoas também diminui.

O especialista ressalta, porém, que os testes de PCR usados para detectar o vírus podem continuar a dar positivo por vários dias ou semanas após a infecção pelo vírus. Ou seja, o vírus pode continuar no sistema da pessoa.

"O PCR, que detecta fragmentos do genoma do vírus, pode permanecer positivo após uma, duas ou até três semanas após a cura da doença", ressalta Vicente Soriano. "Mas aquele PCR positivo não reflete contagiosidade. O que o PCR detecta são fragmentos de vírus, ou 'sequências de lixo', que são fragmentos do genoma do vírus que estão no trato respiratório e que expulsamos por várias semanas depois que a doença foi curada."

De fato, a sensibilidade dos testes diagnósticos é um problema conhecido desde que começaram a ser aplicados e é um exemplo de como as pesquisas sobre covid-19 ainda estão em fase inicial.

Mas, como enfatiza o Soriano, "a contagiosidade do coronavírus é basicamente de 7 a 10 dias, um ou dois dias antes do início dos sintomas e enquanto os sintomas ocorrem", acrescenta.

Ou seja, um pessoa com coronavírus deixa de ser contagiosa cerca de 10 dias após o início dos sintomas. Mas é preciso tomar cuidados antes de sair do isolamento: se certificar de que não tem mais nenhum sintoma e de que não se tem febre há pelo menos 24 horas sem o uso de remédios que a controlam.

Casos assintomáticos
Mas o que acontece quando uma pessoa está infectada com o coronavírus e não apresenta sintomas? Como saber que não vai infectar outras pessoas? Embora diversos estudos tenham sido publicado sobre a porcentagem de pessoas contaminadas que são assintomáticas, a OMS afirma que não é possível cravar um número exato.

O posicionamento oficial da organização pontua que uma revisão sistemática recente da literatura científica mostra que os casos assintomáticos poderiam variar entre 6% e 41% dos casos de contaminação, ou seja, ainda há grande incerteza sobre qual a proporção de casos assintomáticos entre os contaminados.

A OMS explica que "a maioria dos estudos incluídos nessas revisão tinham importantes limitações quanto ao relato dos sintomas, ou não definiram propriamente quais sintomas estavam sendo investigados". Além disso, explica a entidade, muitas pessoas que acreditam ser assintomáticas na verdade tiveram alguns sintomas, mas bem leves, que acabaram passando despercebidos.

Há também o caso de pessoas que foram diagnosticadas com covid-19, ainda não têm sintomas, mas vão desenvolvê-los no futuro — são as pessoas pré-sintomáticas.

De qualquer forma, os pesquisadores descobriram que as pessoas sem sintomas e com covid carregam uma alta quantidade de vírus no corpo — a mesma quantidade de vírus que pacientes com sintomas. E ambos permanecem com essa carga viral pelo mesmo tempo.

Por isso, os especialistas ressaltam a importância do uso de máscaras e da observação do distanciamento social. Essas duas medidas podem ajudar a reduzir o risco de que uma pessoa com covid-19 e sem sintomas infecte outras pessoas.

"Basicamente, pessoas sem sintomas podem transmitir vírus a outras pessoas por uma semana, assim como aquelas com sintomas, mas a menos que a pessoa tenha um teste de antígeno (para detectar que tem a doença) ou um PCR, essa pessoa passa despercebida ", diz Soriano. "Daí o interesse em fazer rastreamentos para identificar pessoas que possam ter estado em área de contágio e façam o teste de antígeno ou PCR a partir de 48 horas após o evento."

Dessa forma, afirma o especialista, os assintomáticos e pré-sintomáticos podem ser identificados e mantidos isolados por 10 dias para evitar outras infecções.

Pacientes sérios
Essas recomendações, no entanto, não se aplicam a pessoas que apresentaram sintomas mais graves de covid-19 e não foram hospitalizadas.

Conforme apontado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, em muitos casos, quando uma pessoa estava gravemente doente e não foi hospitalizada, ela terá que ficar em casa até 20 dias após o aparecimento inicial dos sintomas.

Além disso, pessoas com doenças do sistema imunológico ou sistema imunológico enfraquecido que tiveram a doença precisarão ficar em casa por mais tempo e consultar o médico para saber quando podem parar de se isolar.

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