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10/11/2020 às 15h58min - Atualizada em 10/11/2020 às 15h58min

"Evento adverso grave" que paralisou testes da CoronaVac foi suicídio, diz laudo do IML

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Estudo foi paralisado pela Anvisa na noite de segunda. (Foto: AP Photo/Eraldo Peres)
O laudo do IML (Instituto Médico Legal) atestou que foi suicídio a causa da morte do voluntário de 33 anos envolvido no “evento adverso grave” que resultou na decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de paralisar os estudos da CoronaVac.

A informação foi divulgada pela TV Cultura, UOL e pelo jornal O Estado de S. Paulo, e confirmada pela TV Globo no início da tarde desta terça-feira (10).

De acordo com o BO (Boletim de Ocorrência) registrado pela Polícia Civil de São Paulo, uma equipe da PM (Polícia Militar) foi acionada na tarde do dia 29 de outubro até uma residência no bairro de Rio Pequeno, zona Oeste da capital. Lá, os PMs teriam encontrado o corpo do voluntário já sem vida, no chão do banheiro. A ocorrência foi registrada no DP (Distrito Policial) de Jaguaré como “suicídio consumado”.

Mais cedo, o governo de São Paulo afirmou que era “impossível” a relação entre "evento adverso grave" e com a vacina contra o novo coronavírus, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceira com a Sinovac Biotech.

“É impossível que esse evento tenha relação com a vacina”, disse, por mais de uma vez, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas. Ainda não se sabe se o voluntário recebeu uma dose-teste da vacina ou se recebeu um placebo.
Em coletiva mais cedo, o governo de São Paulo não divulgou detalhes sobre o que seria esse “evento adverso grave” citado alegando motivos éticos.

A única particularidade do episódio passada por Covas foi de que o voluntário estava sendo monitorado pelo centro de estudos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

Ele espera que a Anvisa retome os testes da CoronaVac no máximo até quarta-feira (11). “Espero que seja (retomado) entre hoje (terça-feira) e amanhã (quarta). Não tem porque protelarmos mais essa situação”, reforçou Covas, em entrevista coletiva concedida no fim da manhã desta terça, na sede do Instituto Butantan.

Na tarde desta terça, após a fala do governo paulista, a Anvisa justificou a suspensão alegando ter recebido informações incompletas sobre caso.

Segundo o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra, a decisão de paralisar os testes ocorreu ao chegarem as informações sobre um “efeito adverso grave não esperado”.

BOLSONARO CELEBRA PARALISAÇÃO

O anúncio foi comemorado pelo presidente Jair Bolsonaro, que trava com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Na manhã desta terça-feira (10), o presidente compartilhou a notícia de suspensão pela Anvisa dos testes da vacina Coronavac e disse ter “ganhado” do tucano.

Há tempos, Doria e Bolsonaro travam uma espécie de “guerra das vacinas”, com o tucano defendendo a aplicação obrigatória do imunizante enquanto o presidente comanda um movimento anti-vacinas.

Na avaliação de aliados do presidente, Doria estaria tentando ganhar “capital político” ao encampar a produção de uma vacina contra a Covid-19 e chegaria municiado neste tema em uma eventual disputa pela presidência em 2022 contra Bolsonaro.

Com a paralisação dos testes, nenhum novo voluntário poderá receber a vacina. A ação ocorreu no mesmo dia em que Doria anunciou que 120 mil doses da CoronaVac chegarão ao estado ainda no mês de novembro.

A suspensão do teste clínico pegou próprio governo de João Doria (PSDB) de surpresa. A gestão do tucano diz não ter sido avisado pela Anvisa e aliados de Doria questionaram a divulgação da informação por meio de nota, em horário nobre de noticiários de televisão.

 
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