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02/04/2018 às 15h35min - Atualizada em 02/04/2018 às 15h35min

Antes extintos, marsupiais são reintroduzidos na natureza pela primeira vez

RESISTÊNCIA

ANDA Agência de Notícias de Direitos Animais
Há esforços para conservação de “quoll-idade” acontecendo na Austrália. (Foto: National Geographic)
Na semana passada, quolls-orientais, também conhecidos como gatos-marsupiais, foram devolvidos à natureza na Austrália continental pela primeira vez. Graças a um programa de reintrodução, agora existem cerca de 20 animais correndo pelo Parque Nacional Booderee na costa sul de Nova Gales do Sul.

Os animais estão prestes a completar o primeiro ano de criação e conservacionistas esperam que a reintrodução ajude populações de quolls-orientais a se restabelecerem. Agora, os pesquisadores tentam descobrir que tipo de habitat a espécie prefere.

“Essa informação pode se tornar o modelo de como reintroduzir quolls-orientais em outros lugares do continente”, disse Rob Brewster, diretor da Rewilding Australia em um comunicado de impresa da WWF Austrália no ano passado.

A Rewilding Austrália, junto com financiamento do governo, com a Universidade Nacional da Austrália e com o Parque Nacional Booderee, estão envolvidos no projeto com ajuda da WWF Austrália, da Sociedade de Conservação Taronga, da Shoalhaven Landcare e do Programa Tasmaniano de Conservação dos Quolls.

O sucesso de Booderee

O parque Booderee já é o lar de centenas de espécies de animais, desde aves e morcegos até répteis, anfíbios e peixes. Outras duas espécies, o Potorous tridactylus e o bandicoot-marrom-do-sul, foram reintroduzidos ao Parque Nacional Booderee nos últimos dois anos e prosperaram desde então. Com a península naturalmente protegida e com a invasiva população de raposas monitorada de perto, o parque foi o local ideal para reintroduzir os quolls-orientais, que a União Internacional de Conservação da Natureza lista como ameaçada de extinção.

Os quolls foram transportados do Parque de Vida Selvagem Trowunna e do Parque de Vida Selvagem Devils at Cradle – dois santuários de animais da Tasmânia – por aviões fretados. Na última semana, pequenos grupos foram soltos em cinco locais ao longo da remota península de St. Georges Head, na costa sul da Austrália.

Os quolls usam coleiras com GPS e serão monitorados por funcionários do parque e ecologistas da universidade pelos próximos três anos. Os pesquisadores também monitorarão as raposas não nativas, seu principal predador. O gerente de recursos naturais do Parque Nacional Booderee, Nick Dexter, diz que há câmeras com sensor infravermelho instaladas por todo o parque para monitorar plantas nativas e animais.

Desde o dia 15 de março, os animais estiveram perto do seu local de chegada, reportou o The Canberra Times. As duas primeiras semanas são quando os animais transportados enfrentam os maiores perigos. Eles perdem peso e ficam com as extremidades mais ásperas porque precisam encontrar sua comida. É também quando estão mais vulneráveis a predadores e acidentes.

“Alguns saíram da caixa e foram para selva o mais rápido que conseguiram, alguns pararam e deram uma olhada ao redor do local e depois se afastaram”, disse Wade Anthony, fundador do Devils at Cradle à ABC. “Um deles decidiu fazer um tipo de viagem de pouco mais de um quilômetro.”

A WWF Austrália e a Rewilding Austrália também estão trabalhando para expandir os dois santuários, Trowunna e Devils at Cradle. Estima-se que santuários maiores permitirão mais 40 nascimentos de quolls por ano. O plano é acompanhar essa reintrodução com 40 quolls-orientais em 2019 e depois mais 40 em 2020.

Quolls, continuação

Os quolls-orientais foram a cara da paisagem do sudeste australiano por milhões de anos, mas sua população no continente desapareceu há mais de meio século. Uma misteriosa epidemia juntamente com a chegada de raposas predatórias aniquilaram as populações nos anos 1900. A intoxicação por indução humana e a destruição do habitat também ajudaram a erradicar a espécie, embora ainda possa ser encontrada na Tasmâmia, onde não há raposas.

Quolls-orientais são marsupiais do tamanho de um pequeno gato doméstico, por isso são chamados de “gatos nativos”. Os machos medem cerca de 60 centímetros e pesam quase 1,5 kg. Já as fêmeas são um pouco menores. Eles têm pelos grossos e macios em tons que variam de marrom claro ao preto, com pequenas manchas brancas. Os quolls-orientais têm nariz pontudo e caudas espessas, de ponta branca.

Durante o dia, podem ser avistados às vezes em seus ninhos, que fazem com galhos ou em tocas debaixo de pedras. Apesar de viverem apenas entre dois e três anos, as fêmeas podem ter até seis filhotes em um ano. Quolls são como um regulador do ecossistema. Os marsupiais noturnos se alimentam de insetos, e outros animais.

“A maioria dos animais desaparecidos do continente sumiram para sempre”, disse Darren Grover, Chefe de Ecossistemas Vivos da WWF Austrália à AFP. “Então essa é uma oportunidade rara.”
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