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08/10/2020 às 11h24min - Atualizada em 08/10/2020 às 11h24min

Fogo destrói 101 mil hectares de uma das áreas mais preservadas do Pantanal em MS

"É muito triste ver a situação chegar nesse ponto”, disse o chefe do esquadrão do Prevfogo Ibama, Whashington Rojas

ANDA
Foto: Divulgação
A Serra do Amolar, uma das áreas mais preservadas do Pantanal em Mato Grosso do Sul, teve 101 mil hectares de seu território destruído pelas queimadas.

Em todo o bioma, já são mais de 3 milhões de hectares queimados.

A situação se torna ainda pior por conta do difícil acesso às áreas incendiadas, onde só é possível chegar de avião ou de barco.

Uma reportagem do Jornal Nacional expôs o caos que vive o Pantanal de Mato Grosso do Sul. Os repórteres levaram seis horas pelo Rio Paraguai para chegar ao destino. No caminho, muito fogo e fumaça.

Dentre as dificuldades, está a necessidade de refazer o percurso para retornar e buscar água quando o líquido usado para combater as chamas acaba. São dez quilômetros de ida e volta.

“Os locais onde tem incêndios não têm trilha, não têm estrada, não tem como chegar de uma maneira muito fácil. Como a gente está em uma estiagem muito forte, essa região por onde nós estamos passando com o trator é uma baía, deveria estar cheia de água, mas como está seco, a gente consegue passar com o trator. E só assim dá para chegar um pouco mais rápido onde tem os focos de incêndio. Trator balança bastante, o sol está muito forte, tem que se segurar, mas o trabalho continua”, contou o repórter Lucas Lélis.

O trator, no entanto, às vezes apresenta problemas. Nesses casos, expôs a tenente Luisiana Guimarães, o percuso é feito a pé. “Quando tem algum problema com o trator, a gente teve que fazer esse percurso caminhando, o que realmente causa um desgaste muito grande realmente. Já chega cansado”, explicou Luisiana, que viajou do Paraná para auxiliar nos trabalhos de combate aos incêndios na região pantaneira.

Dentre as situações observadas pelos repórteres, estão os desafios vividos pelos bombeiros. A bota que eles usam nem sempre suporta o calor e a falta de água potável muitas vezes é uma realidade. “Ela [a bota] começou a abrir a parte do solado, então eu fiz um reforço com uma cordinha dali, mas daqui vai embora”, revelou um bombeiro. Eles também caminham carregando equipamentos de até 20 quilos, o que é bastante cansativo, e tentam contato por rádio quando a água para consumo acaba. “Tento, posto de comando, necessário suporte de água potável, copia?”, disse outro brigadista.

O trabalho dos que combatem as chamas é intenso e dura até o final do dia, às vezes avança noite adentro. Além de apagar o fogo, eles precisam estar atentos aos pequenos focos que consomem parte das árvores quando o chão já está coberto de cinzas. Se não forem apagados, esses pontos de incêndio podem fazer a queimada voltar à ativa.

“A mata está bem fechada e já está ficando noite, então a gente precisa sair daqui até para a nossa segurança e para o pessoal do Prevfogo continuar os trabalhos lá atrás”, afirmou o repórter.

Chefe do esquadrão do Prevfogo Ibama, Whashington Rojas lamentou as queimadas sem precedentes que estão destruindo o bioma. “Por onde você olha, para os dois lados tem fogo. E você ter que ver qual foco você vai chegar, qual foco você tem mais chances de ter êxito na missão. É muito triste ver a situação chegar nesse ponto”, disse.

Dez veículos e 46 militares de outros estados foram enviados ao Mato Grosso do Sul pela Força Nacional e devem ficar na região, atuando em ações de combate ao fogo, até o início de novembro.

 
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