Foto: Divulgação A domesticação de gatos no Brasil cresceu 8,1% entre 2013 e 2018. Os dados foram coletados em um levantamento do Instituto Pet Brasil (IPB). Quando comparado com o aumento da população de cães domesticados (3,8%), a preferência pelos gatos se destaca ainda mais. A organização tem como um de seus principais objetivos fortalecer a
relação entre seres humanos e animais de estimação, sendo estes cães, gatos, peixes, répteis, aves e pequenos mamíferos.
Em 2018, foram encontrados 23,9 milhões de gatos e 54,2 milhões de cachorros em situação de adoção. Ou seja, ainda há mais cachorros que viraram pets do que gatos. Porém, segundo a veterinária Stephanie Botelho, especializada em felinos, se a tendência demonstrada pelos números continuar, em cinco anos, a população de gatos domesticados ultrapassará a tradição de preferência por adotar cachorros. “Até 2022, de acordo com os levantamentos, haverá um gato para cada cachorro”, aponta.
Reflexo dos tempos
Os motivos para essa mudança pode ter a ver com o estilo de vida dos donos dos pets. “A vida moderna e corrida, às vezes, inviabiliza os cuidados especiais que um animal de estimação requer”, coloca Stephanie. Para ela, as causas dessa transformação se resumem em: facilidades práticas e melhor custo-benefício no cuidado com o animal.
Muitos já ouviram falar que os gatos, quando comparados aos cães, lidam muito melhor com a solidão. “Os gatos são mais independentes (...), além disso, por serem mais asseados, não necessitam de banhos mensalmente como os cães”, aponta a especialista, que trabalha na Clínica Veterinária Pet Zoo, em Belo Horizonte.
A escolha vem do bolso
Fora isso, há o fato de a alimentação dos felinos geralmente custar mais barato que a dos cães. Outro fator apontado pela veterinária é que os donos dos gatos costumam ser mais atentos e prevenidos no que tange à saúde e ao planejamento de gastos com seus bichos.
Segundo outro levantamento do Instituto Pet Brasil, o gasto médio com cães é de R$ 342,20 (pequeno porte) ou R$ 425,24 (grande porte), enquanto com os gatos é de R$ 205,94. Para esse cálculo, foram considerados custos de alimentação, vacinas, vermifugações, consultas e outros.
Por haver diversos fatores que podem causar a variação desses gastos, é muito importante que os tutores dos pets façam um planejamento financeiro a médio e longo prazo, para poderem balizar com segurança momentos de crise financeira ou outras surpresas indesejadas mantendo o bem-estar do animal. Caso contrário, há o risco de que os seus animais entrem em situação de vulnerabilidade ou sejam abandonados.
É por isso que muitos tutores de pets fazem adaptações pontuais em seus gastos, fazendo caber no orçamento do mês e na realidade vivida os gastos com as necessidades de seus cativos animais.
Condição de abandono
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2018, havia cerca de 139,3 milhões de animais domesticados no país, o que significa 5% a mais do que a população registrada em 2013. Apesar do crescimento, ainda há muitos bichanos que ficam de fora dessa lista e que são vítimas do abandono e de outros problemas.
Segundo outro levantamento do Instituto Pet Brasil, 3,9 milhões de animais ainda estão em Condição de Vulnerabilidade (ACV) no Brasil, o que significa 5% do total da população animal do país. Da quantidade total da população ACV, cães correspondem a 69% (2,69 milhões), enquanto os gatos representam 31% (1,21 milhões).
Essa situação se deve ao fato de esses bichos estarem sob a tutela de famílias que vivem abaixo da linha da pobreza ou então abandonados sob os cuidados de organizações não governamentais (ONGs) em todo o Brasil. Os abrigos são responsáveis por 52% da população de animais disponíveis para adoção.
Além de haver ainda muitos animais em risco, no geral, há casos de descuido com os bichos. Dados do IBGE apontam que apenas 75% dos gatos e cães do Brasil são vacinados e, em 2018, 59% dos cães não foram imunizados contra a raiva.