26/03/2018 às 12h56min - Atualizada em 26/03/2018 às 12h56min
Coruja-buraqueira com olhos de cores diferentes intriga biólogos e fotógrafos
O fenômeno que altera a cor de um dos olhos da ave se confunde com cegueira, mas é, na verdade, uma alteração genética.
ANDA Agência de Notícias de Direitos Animais
O fenômeno de um olho preto se confunde com cegueira, mas pode ser resultado de questões genéticas (Foto: Josiane Cristina/VC no TG) Flagrantes da natureza são verdadeiros troféus para os admiradores da fauna e flora. Cliques dos hábitos das espécies costumam ganhar destaque no acervo dos fotógrafos, mas um registro recente tem intrigado a professora Josiane Cristina.
A fotografia de natureza é prática comum para a moradora de Campo Grande (MS), que foi surpreendida ao encontrar uma coruja-buraqueira “
diferente”.
Com um olho amarelo e outro totalmente preto, a espécie foi clicada junto a outros indivíduos com olhos amarelos.
“Seria mais um registro de corujas-buraqueiras, assim como tantos outros anteriores. Porém, quando fui verificar a qualidade do clique, o enquadramento e o foco, percebi que havia algo incomum nos olhos da ave”. O fenômeno é raro e se deve a uma alteração genética que resulta na cor escura da íris, mas o fato de apenas um dos olhos ser preto é desconhecido entre os pesquisadores. “A princípio achei que a ave fosse cega, mas depois alguns biólogos comentaram sobre o fenômeno do black eyes. Como há uma contradição entre os pesquisadores, fiquei bem intrigada”, conta Josiane, que segue em busca de mais informações. “
Fotografei todas as espécies de coruja que estavam juntas para verificar os olhos e realmente aquele foi o único caso na região.” Não é possível dizer com exatidão se o registro é de uma coruja ferida ou de uma das poucas espécies com o fenômeno black eyes, mas o biólogo e fundador da Pró Corujas, Marc Petroff, acredita que o animal possua genes recessivos responsáveis pela alteração da cor da íris. “
Tudo indica que seja uma alteração genética. A situação é rara, da mesma forma que outras alterações relacionadas à coloração, como o melanismo, o albinismo e o leucísmo”. Quando questionado à possibilidade de cegueira, o Fundador e Presidente da Pró Corujas – Associação Nacional para Pesquisas, Conservação e Preservação de Strigiformes explica que os problemas oftálmicos acompanham outras características aparentemente perceptíveis, que não é o caso da ave registrada.
“A maioria dos casos de corujas com problemas nos olhos está ligado à presença de catarata, uma membrana que se apresenta de coloração esbranquiçada, fator que não identifiquei pelas fotografias”. A raridade do caso é indiscutível, já que são poucos os registros e estudos de corujas com olhos de cores diferentes, no entanto, o biólogo ressalta a possibilidade das alterações genéticas ocorrerem de forma induzida.
“Alterações genéticas podem ocorrer naturalmente ou sob a influência do meio, mais especificamente com a presença humana. Um provável exemplo é a contaminação eletromagnética oriunda das torres de retransmissão de celulares, que afeta o rapinante”. Marc alerta sobre a possibilidade de outros indivíduos apresentarem o mesmo fenômeno. “
Se outras ocorrências forem detectadas pode estar acontecendo alguma alteração ambiental ainda não identificada, o que poderá resultar, em curto espaço de tempo, modificações ainda mais imprevisíveis”.