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08/06/2020 às 09h16min - Atualizada em 08/06/2020 às 09h16min

Ritinha Prates entrega órtese feita em impressora 3D

Equipamento dispensado de forma experimental foi entregue a usuária que tem tetraplegia e é atendida no Centro Especializado em Reabilitação (CER);

Marcelo Teixeira
Assessoria de Imprensa
Foto: Divulgação
Desde que foi inaugurado, há cinco anos, pela primeira vez o Centro Especializado em Reabilitação (CER) Ritinha Prates, de Araçatuba (SP), produziu em impressora 3D uma órtese, um aparelho externo que imobiliza ou auxilia os movimentos de membros ou da coluna vertebral. No caso da tecnóloga de Hotelaria e bacharel em Direito, Paula Dayene da Silva, trata-se de um equipamento utilizado para digitação em teclado de computador.

O coordenador do setor de fisioterapia da entidade, Marcos Adriano Mantovan, explica que a motivação para a produção do equipamento ocorreu quando Paula informou que a órtese que possuía anteriormente estava quebrada. "Analisamos a situação e, em conjunto com o engenheiro de software Leonardo César Bottaro, um parceiro externo, que é o dono da impressora e do scanner 3D, decidimos fazer essa nova órtese. Há de se explicar que a dispensação ocorreu em caráter experimental, não fazendo parte dos nossos protocolos. Não houve custo para a entidade nem para a usuária. Agora pretendemos evoluir essa situação, estudando possibilidades e formas de desenvolvermos e dispensarmos órteses feitas em impressoras 3D", comenta Mantovan.

De acordo com o coordenador, por meio desse tipo de impressão é possível obter redução de custos, personalização e melhorias nos equipamentos, tanto do ponto de vista funcional quanto estético. "Uma das principais vantagens relacionadas a produção de órteses, tanto de membro superior quanto inferior, é a capacidade da reprodução das medidas dos usuários sem o contato direto, por meio de scanners 3D. Isso substitui o método desconfortável que usa molde de gesso, ofertando ao usuário um processo mais confortável, rápido, sem riscos e com maior precisão no registro das medidas do usuário, explica Mantovan.

Além disso, por meio do uso do scanner 3D, é possível eliminar fatores externos que possam oferecer riscos, como inexperiência do profissional, manipulação excessiva do material, que pode gerar desconforto e os indesejáveis pontos de pressão, assim como propor soluções de melhorias inovadoras que não possíveis por meio dos materiais tradicionais.

"Eu sou extremamente grata ao que o pessoal do Ritinha fez e faz por mim. Não há palavras para descrever o tamanho da minha gratidão por esses profissionais tão dedicados. Receber o acompanhamento aqui mudou minha vida, a forma como eu a via e vivia", diz Paula, hoje com 32 anos. Ela ressalta também que, antes do tratamento no CER, não saia da cama, tendo dificuldade inclusive para falar. "Hoje, consigo até mexer um pouco os meus braços e mãos", conta ela, emocionada. "Eu fiz faculdade, me formei em Direito, e agora estudo para passar em um concurso público", conclui.



Tetraplegia

Há quase 10 anos, Paula sofreu um acidente de moto que mudou a sua vida radicalmente. Aos 22 anos, ela recebeu o diagnóstico: tetraplegia. Não podia mais se movimentar da cabeça pra baixo.

Ela que é de São Pedro, região de Piracicaba (SP), dava aulas em um curso de hotelaria em uma cidade próxima, mas naquele dia, em outubro de 2010, sua viagem periódica ao trabalho foi interrompida. O condutor da moto na qual era passageira perdeu o controle na rodovia ao tentar desviar de um buraco, e o veículo acabou derrapando. Paula sofreu uma forte pancada na cabeça.

De lá para cá, a tecnóloga passou por diversas cirurgias e tratamentos. Já nos primeiros dias após o acidente, Paula lutou pela vida em um hospital de Piracicaba, e saiu vitoriosa.

Tendo de se adaptar ao novo estilo de vida, ela veio com a mãe e com o tio, Maria Lúcia da Silva e Elói Gomes da Silva (falecido), respectivamente, para Birigui, onde possui outros familiares, em busca de tratamento especializado. Da cidade, ela foi encaminhada para o Hospital Sarah Kubitschek, em Belo Horizonte (MG), e para o Lucy Montoro, em São Paulo (SP), onde ficou por cerca de dois meses em cada um.

Em junho de 2017, para não ter que ficar viajando frequentemente para esses lugares, as instituições recomendaram que Paula fizesse seu acompanhamento clínico no CER (Centro Especializado em Reabilitação III) da Associação de Amparo ao Excepcional Ritinha Prates. Além disso, na cidade ela faz fisioterapia e equoterapia, que ajudam no tratamento. No CER, Paula passou por uma avaliação inicial, recebeu prescrição para utilizar cadeiras de roda motorizada e de banho. Desde então, ela passa por avaliações periódicas, a cada três meses, para a manutenção dos dispositivos.

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