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02/06/2020 às 11h41min - Atualizada em 02/06/2020 às 11h41min

Ensino superior privado em tempos de pandemia

Assessoria de Imprensa, Naves Coelho
Foto: Divulgação

De repente o mundo foi surpreendido por uma doença que nos obrigou ao recolhimento e, ao mesmo tempo, a uma revisão de nossos hábitos, valores e certezas. Toda essa reviravolta trazida pela pandemia da covid-19 nos obriga a pensar como fomos, como estamos sendo e como seremos daqui para frente. 

 

Atividades triviais passaram a ter uma importância muito grande e tornaram-se motivo de recordações saudosistas e memórias doloridas. Por óbvio que todos os setores foram afetados: empresas, comércios, indústrias, bares, restaurantes, escolas, entre outros setores, tendem a passar por muitas transformações.

 

As escolas, em especial, as faculdades privadas nas quais me incluo, foram brutalmente atingidas em suas convicções pedagógicas e certezas acadêmicas. Do dia para a noite teorias educacionais de interação, trocas e convívio em sala de aula tiveram que passar pelo filtro das telas de computadores, tablets, celulares e outras mídias.

 

Os alunos acostumados à rotina das salas de aula, às conversas nos intervalos e aos abraços e "zueiras" próprios do convívio escolar viram-se confinados nas incertezas de professores tão assustados quanto eles com o cenário que surgia: aulas remotas, contatos por e-mails, grupos de whatsapp e sistemas acadêmicos.

 

Nesse contexto de completo caos, enquanto as universidades federais, em sua maioria permanecem fechadas, as faculdades privadas se reinventam. Em menos de uma semana, professores aderem às tecnologias; o que era considerado um luxo ou hobbie passa a ser o único e essencial instrumento para o trabalho. Os conteúdos ministrados fluem com mais rapidez e, por consequência, exigem melhor performance dos educadores e mais tempo para preparação.

 

Por outro lado, nesse processo de interação, adaptação e solidão temos um aluno acostumado aos moldes tradicionais que, em alguns casos, não se vê como protagonista no processo de ensino-aprendizagem, por estar acostumado a receber passivamente instruções e reproduzi-las. Destaca-se, ainda, a falta de recursos tecnológicos que prejudicam a transmissão das aulas.

 

O resultado disso é, entre outros, aquele que faz parte da Pesquisa Cenário Econômico Atual das IES Privadas, do Instituto SEMESP, divulgados nesta segunda-feira (25/05), de que a "inadimplência no ensino superior privado do Brasil cresceu 72% em abril de 2020, se comparado ao mesmo mês do ano passado. No mesmo período, a evasão também teve aumento de 32,5%." 

 

Ainda de acordo com o SEMESP, a inadimplência e a evasão são motivadas pela pandemia do coronavírus, que trouxe desemprego, redução de renda e incerteza sobre o cenário político-econômico do país. 

 

Percebeu-se na pesquisa que, as instituições que mais sofreram com a evasão e inadimplência foram as que não se prepararam para a revolução tecnológica vivida pela humanidade na última década.

 

Instituições privadas que anteciparam a introdução de meios tecnológicos em suas práticas pedagógicas e grades curriculares modernas tendem a sentir os efeitos da pandemia, porém com menor intensidade que àquelas que insistem em preterir as tecnologias como instrumento essencial para suas práticas educacionais.

 

Nesse momento, as faculdades precisam adotar estratégias para continuidade de suas atividades e manutenção de seus alunos, evitando assim a evasão e, por consequência, a inadimplência. Em sentido diverso, o aluno deve compreender que a suspensão das atividades presenciais não encerra ou interrompe, necessariamente, seu projeto de formação superior. Como educadores de instituições privadas temos o compromisso de buscar opções que sejam eficazes e viáveis, cientes de que após tudo isso teremos nos reinventado.




Cida Vidigal, professora, advogada e coordenadora do curso de Direito da Faculdade Batista de Minas Gerais

 


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