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29/04/2020 às 14h49min - Atualizada em 29/04/2020 às 14h49min

Infarto do coração não escolhe idade

Assessoria de Imprensa, Naves Coelho
Foto: Divulgação

As doenças cardiovasculares permanecem como principal causa de mortes no Brasil, sendo responsáveis por mais de 30% dos óbitos registrados.

Estima-se que, até o final de 2020, serão aproximadamente 400 mil brasileiros mortos. Até então, infelizmente, não há nenhuma novidade nisso. O que se configura como triste tendência, no entanto, é o aumento do número de casos de infartos em adultos jovens. 

A última análise do Ministério da Saúde (MS) apontou aumento de 13% nos casos de infarto na população com menos de 30 anos. Estudo recente publicado pelo Colégio Americano de Cardiologia também concluiu que a incidência da doença permaneceu estável entre os mais velhos, ampliando-se em 2% ao ano, em pessoas com 40 anos ou menos. Mas o que temos feito de errado?

Na era dos computadores, smartphones e mídia social, o jovem se torna cada vez mais sedentário. Seus momentos de lazer não são acompanhados por atividades físicas. Além disso, nos últimos 30 anos, a obesidade triplicou entre crianças em idade escolar, provocando aumento do diagnóstico de colesterol alto neles. 

Ao lado do crescimento do número de obesos, há também o aumento significativo de pessoas diabéticas. De acordo com a International Diabetes Federation, em 2030, haverá mais de 500 milhões de diabéticos no mundo. O consumo de comidas processadas calóricas e ricas em açúcares é o principal responsável pelo acometimento desta doença nos mais jovens e aumenta o risco de morte precoce por infarto ou AVC.

O estresse é outro fator que contribui para essa escalada de jovens infartados. Em um mundo de informações rápidas, padrões inatingíveis e cobranças extremas, não há dúvidas de que estamos mais estressados. Estima-se que 15% dos casos de infarto são desencadeados pelo estresse. 

É certo que a genética também influi no desenvolvimento de doenças do coração entre os jovens. Esse fator, porém, não deve ser usado como pretexto para dizer que essas patologias são inevitáveis. Segundo documento publicado, em 2019, pela Sociedade Europeia de Cardiologia, pacientes com menos de 50 anos apresentam probabilidade de desenvolver doença coronariana precoce três, sete ou 24 vezes maior se tiver um, dois, três ou mais fatores de risco, respectivamente. Dentre eles, a inatividade física, diabetes mellitus, aumento do colesterol, tabagismo e hipertensão arterial. 

A prevalência de hipertensão arterial nos brasileiros é crescente e preocupante. Conforme recente levantamento do MS, uma em cada quatro pessoas diz ter este diagnóstico. Além disso, mais de 3,5 milhões de crianças e adolescentes são hipertensos. 

A pasta ainda apontou que os jovens estão fumando mais. Entre 2016 e 2017, a taxa de fumantes entre 18 e 24 anos saltou de 7,4% para 8,5%. O vício, quando adquirido na juventude, aumenta o tempo de exposição do organismo ao cigarro, aumentando o risco do desenvolvimento de doenças relacionadas a ele.

A prática de atividade física, sob orientação de especialistas, é um importante recurso no combate às doenças do coração. A rotina de exercícios físicos reduz os níveis de colesterol no sangue, contribui para o controle da pressão arterial e ainda ajuda a manter ossos, músculos e articulações saudáveis, proporcionando aumento de energia e bem-estar. Caminhadas diárias de 30 minutos é uma boa opção para começar. 

A adoção de dieta saudável também é fundamental. Consumir verduras, legumes, fibras e grãos colaboram para redução do peso, do colesterol e da incidência de diabetes. As políticas públicas para regular a comida nas cantinas das escolas e a imposição de restrição nos anúncios de comida, muito contribuíram para a adequação alimentar de crianças e jovens. 

Outro recurso extremamente importante na prevenção de doenças cardíacas é o controle adequado da pressão arterial - níveis pressóricos acima de 12 por 8 já são um alerta. O uso correto de medicações, associado à mudança de estilo de vida, contribuem para esse controle. 

É fato que mudanças culturais e epidemiológicas moldaram um novo perfil de adulto jovem – um indivíduo muito estressado, com muitas responsabilidades, que se alimenta mal e que não se cuida rotineiramente. Sendo assim, o infarto agudo do miocárdio deixou de ser exclusividade daqueles com cabelos brancos ou rugas no rosto. Dessa forma, frente a esse cenário preocupante, a conscientização, mudança do estilo de vida e acompanhamento médico regular tornam-se urgentes, inclusive, para os mais jovens.

Lucas Espindola Borges, médico Cardiologista do Corpo Clínico do Biocor Instituto


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