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01/11/2019 às 09h32min - Atualizada em 01/11/2019 às 09h32min

Torcedor do Timão percorre todo o continente a bordo de um Fusca e com seu cachorro

Jesse Koz, de 26 anos, explica em entrevista como decidiu que chegaria ao Alasca dirigindo e levando Shurastey, seu animal de estimação

Corinthians FC
Foto: Reprodução

“Bando de Loucos”. É assim que a torcida do Corinthians é conhecida mundo afora. E a Fiel faz jus ao apelido que tem, seja pelos feitos inéditos que rompem fronteiras para ver um jogo do Timão ou por mover a paixão daqueles que decidem seguir os seus sonhos. O torcedor corinthiano é assim: único. E é justamente nessas definições que Jesse Koz, de 26 anos, se encaixa.

Autêntico corinthiano, maloqueiro e sofredor, ele entrou numa aventura sem precedentes em maio de 2017. Decidiu que iria até o Alasca. Mas como todo bom corinthiano, sabia que nada seria fácil. Jesse embarcou nessa jornada e escolheu rodar todo o continente dentro de um Fusca, e, além disso, acompanhado de seu melhor amigo: seu cachorro Shurastey.

Na estrada rumo ao Alasca, Jesse acompanhado de seu fiel escudeiro, Koz contou os detalhes dessa empreitada em entrevista ao Corinthians.com.br; confira:

Como é a sua relação com o Corinthians?

A minha relação com o Corinthians começa de uma forma engraçada. Eu sou de Curitiba e lembro que quando eu era criança que a gente lá tinha que torcer pra dois times. Eu nem sabia muito bem o que era time, eu tinha uns 5, 6 anos. Mas as crianças da rua, os mais velhos me perguntavam pra qual time eu torcia e na época eu dizia que torcia para o Coritiba porque era o nome da cidade onde eu vivia. Lá todos só torciam para dois times: Coritiba ou Athletico. Mas me falavam que eu tinha que torcer para um time grande e foram me falando o nome de alguns, até que falaram ‘Corinthians’. A palavra ‘Corinthians’ era meio parecida com ‘Coritiba’, então o escolhi. Mas ali por volta dos anos 2000 o time conquistou alguns títulos, o Mundial e depois a Copa do Brasil em 2002, e foi ganhando mais expressão conforme eu fui crescendo, então eu me tornei muito mais corinthiano do que coxa-branca.

E você decidiu levar uma camisa do Corinthians na viagem.

A camisa do Corinthians que eu sempre uso nas fotos, para se ter uma ideia eu tenho ela há 6 anos. Eu sempre tive muito carinho pelo time, sempre acompanho quando posso, adoro ver a situação do time e tirar um sarro do Palmeiras, principalmente no Campeonato Paulista que o Palmeiras investiu milhões no time e mesmo assim perdeu pra gente. Como estou sempre no meio da viagem fica bem difícil ir aos jogos, mas a última vez que passei por São Paulo foi bem no dia da final do Paulistão entre Corinthians e Palmeiras em 2018. Era o dia da final e eu fui lá no estádio, na Arena né, mas não entrei pois estava sem ingresso e também com o Shurastey. Mas tiramos uma foto ali na frente.

Como começou a viagem? De onde surgiu a ideia?

A gente saiu de Balneário Camboriú no dia 6 de maio de 2017. Eu sou natural de Curitiba, mas morava em Balneário Camboriú fazia 7 anos quando a gente iniciou o projeto.Começamos a viagem no dia 6 de maio de 2017, e esse planejamento todo na verdade nunca existiu, foi tudo meio por acaso e meio precário, digamos. Eu trabalhava no shopping como vendedor de loja, para ter dinheiro e bancar as minhas contas do mês. Trabalhei 7 anos como vendedor até que chegou um momento em que eu não queria mais isso, estava bem cansado e estressado com essa vida. Foi aí que decidi sair do emprego e pensar no que eu ia fazer. Então pedi as contas no meu trabalho. Eu já tinha comprado o Fusca, e rodando a internet fui vendo a galera que viajava. Eu sempre tive vontade de viajar, acho que é o sonho de todas as pessoas viajar e poder conhecer o mundo. E aí naquele mesmo ano eu decidi que ia fazer aquilo. Vendi tudo que eu tinha - que não era muita coisa, basicamente uma TV, um videogame, uma moto e um micro-ondas – para juntar essa grana e fazer uma viagem de Fusca com meu cachorro, o Shurastey. Nunca teve um momento que eu pensei “Vou levar o Shurastey”, porque desde o momento que eu decidi fazer a viagem, sempre foi eu, o Fusca e o Shurastey. Então sempre foi pensando em nós três. Decidi que ia fazer uma road trip até meu dinheiro acabar, depois paro em uma cidade e começo a fazer dinheiro pra voltar a viajar. E foi assim que eu saí. Talvez se eu tivesse planejado eu teria trocado o Fusca por uma Kombi, porque no começo a gente dormia dentro do Fusca todo apertado, fazendo a comida de um modo precário. Foi tudo muito difícil no começo mas depois as coisas foram melhorando.
 

Como foi a reação da sua família quando você contou que iria embarcar nessa jornada?

Eu morava em Balneário Camboriú desde os 17 anos, então desde esse momento quando eu fui morar sozinho eu sou independente da minha família. Então eu simplesmente comuniquei. Fui criado com a minha avó e com a minha tia e eu simplesmente comuniquei, falei “Olha, tô vendendo tudo aqui e vou sair com o Shurastey num Fusca pra fazer uma viagem por uns 4 ou 5 meses”. E foi assim.

Como você e o Shurastey fazem para dormir?

Quando eu iniciei eu não tinha barraca de teto, eu dormia dentro do fusca, e depois que eu comecei a viagem eu consegui essa barraca de teto da Blue Camping e a gente dorme ali. O Shurastey dorme comigo nos dias mais frios e quando tá calor ele dorme dentro do fusca ou do lado de fora.

Até onde você quer chegar nessa viagem? Já pensa em algum projeto futuro?

O objetivo hoje aqui nas Américas é chegar no Alasca. Depois do Alasca é tudo uma folha em branco para escrever. Eu não tenho tenho a certeza de nada depois o Alasca, pode ser que eu volte para o Brasil, pode ser que eu atravesse para a Europa em uma volta ao mundo, é tudo meio em aberto depois do Alasca. Mas uma das ideias seria voltar pro Brasil, escrever um livro contando essa história e depois fazer um outro projeto.

Como conciliar uma viagem pela América com as necessidades de um cachorro, do seu carro e também as suas?

A respeito do Shurastey, ele é um cachorro muito tranquilo. Além disso, na viagem a gente não roda muitos quilômetros de uma vez só, rodamos uns 300 km, que dá umas 3, 4 horas dependendo da estrada e sempre a cada mais ou menos duas horas eu dou uma parada com o Fusca, ele desce, faz o que tem que fazer pra dar uma volta, uma esticada nas pernas e eu também. Acaba sendo cansativo porque o Fusca tem uma direção pesada, é um carro velho, então a cada 2 horas eu paro para a gente poder descansar um pouco e dar uma alongada nas pernas. Sobre o Fusca, fui aprendendo conforme fui viajando. Então as coisas de mecânica e tudo que acontece com o Fusca hoje eu mesmo consigo resolver, praticamente 90% eu consigo fazer, os outros 10% são trabalhos mais pesados e aí envolve profissionais para fazer. Tem que aprender e economizar o máximo possível nisso. Sobre as nossas necessidades, nós temos barraca uma barraca de teto que é onde eu durmo, 99,9% das vezes.
 

Até onde você quer chegar nessa viagem? Já pensa em algum projeto futuro?

O objetivo hoje aqui nas Américas é chegar no Alasca. Depois do Alasca é uma folha em branco para escrever. Eu não tenho tenho a certeza de nada depois o Alasca, pode ser que eu volte para o Brasil, pode ser que eu atravesse para a Europa em uma volta ao mundo, é tudo meio em aberto depois do Alasca. Mas uma das ideias seria voltar pro Brasil, escrever um livro contando essa história e depois fazer algum outro projeto.

Qual foi o maior apuro que vocês passaram durante a viagem?

Eu não sou nada planejado, mas eu sempre tento encarar os problemas e dificuldades com bons olhos. Então nunca teve um momento da viagem que eu falei “agora ferrou”. Eu nunca encarei nada dessa maneira. Tivemos muitos problemas e muitas dificuldades, mas eu sempre olhava com bons olhos e olho com bons olhos as coisas sempre focado em buscar a solução e não ficar focando no problema que aconteceu. Então já fundiu o motor no início da viagem: com só 40 dias eu fundi o motor do fusca lá na Argentina. Não conseguia achar a peça, ficamos vários dias buscando pela reposição da peça pra conseguir continuar a viagem. Recentemente estou com muitos problemas estruturais no Fusca, então preciso fazer uma reforma urgente nele, buscar no México alguma parceria pra fazer uma reforma no Fusca porque a barra de direção agora está quebrada e quebrou bem numa curva. Esse foi um problema bem sério, bem grave, então essa situação que eu estou vivendo hoje é uma das mais problemáticas da viagem. Também já tiveram alguns problemas com o Shurastey, quando por exemplo o Shurastey sumiu dentro de um parque nacional e eu não consegui achar ele durante meia hora, eu ficava extremamente apavorado pensando que ele tinha morrido. É isso, mas diante dos problemas eu sempre busco a solução e não ficar focando no problema.

Qual é a mensagem que você quer passar para as pessoas?

A questão é que as pessoas hoje buscam muito o material e o financeiro pra depois ir em busca do que realmente querem fazer, em busca dos seus sonhos. Cara, desde que eu comecei, desde que eu criei a página de viagem a mensagem que eu tento passar é que é sim possível você fazer isso, é possível você viajar de forma econômica, é possível você viajar num Fusca, com o carro que você tem aí na sua casa. Não precisa arrumar desculpas pra não fazer, porque as pessoas sempre se limitam a buscar desculpas para não fazer as coisas. “Eu não faço isso porque não tenho um carro bacana”, “Eu não faço isso porque tenho um cachorro”, “Eu não faço isso porque não tenho dinheiro”, eu também não tenho e estou fazendo, trabalhando na estrada pra seguir a viagem. Então acho que é possível ir em busca dos seus sonhos e realizá-los, principalmente se você não se limita às dificuldades que podem acontecer.
 


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