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28/10/2019 às 12h00min - Atualizada em 28/10/2019 às 12h00min

Iniciativas visam capacitar nova geração para produção orgânica paulista

A busca por hábitos de uma alimentação mais saudável tem despertado na sociedade a preocupação com a produção e o consumo sustentável dos alimentos. No Brasil, o número de produtores orgânicos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento triplicou em menos de uma década. Em 2012, eram 5.934 produtores registrados, número que saltou para […]

Governo do Estado de São Paulo
Foto: Divulgação
A busca por hábitos de uma alimentação mais saudável tem despertado na sociedade a preocupação com a produção e o consumo sustentável dos alimentos. No Brasil, o número de produtores orgânicos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento triplicou em menos de uma década. Em 2012, eram 5.934 produtores registrados, número que saltou para 17.730 em 2019.

O levantamento mostra que cresceu também o número de unidades de produção: eram 5.406 em 2012 e, em 2018, haviam sido registradas mais de 22 mil organizações que utilizam esse modo produtivo.

Para atrair esse público, os produtos orgânicos têm sido foco da criação de linhas e marcas próprias de alimentos pelas grandes redes varejistas, revelando um enorme potencial. Assim, famílias de produtores têm buscado a transição agroecológica e posteriormente a produção de orgânicos, de olho na expansão deste mercado.

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por sua vez, também está atenta a esse movimento. “Precisamos de soluções para lidar com o processo natural de senescência das lideranças do agro em sindicatos e associações rurais e o preparo de pessoas para conduzir o processo de desenvolvimento dessa nova agricultura”, diz o assessor do Gabinete da Secretaria, Edwin Montenegro, responsável na unidade pela criação de uma estrutura de apoio à produção orgânica paulista.

Montenegro lembra que, para abastecer o mercado consumidor, é necessário ter produtores com conhecimento nesse tipo de prática. Por essa razão iniciativas de incentivo ao empreendedorismo e startups serão importantes.

Exemplos

A startup brasileira Raízs, que oferece o delivery de produtos orgânicos, é um exemplo de inovação. A marca criada há seis anos por Tomás Abrahão tem como proposta fortalecer o laço entre o produtor de orgânicos e o consumidor consciente. Ao incentivar a alimentação saudável, o consumo sustentável e o comércio justo, a plataforma faz questão de mostrar aos consumidores a origem da família que colheu os alimentos que são entregues no dia seguinte à realização do pedido pelo site.

Para Tomás, há uma dificuldade na nova geração em querer seguir os passos dos pais na agricultura, por fatores como a baixa valorização monetária do produto e o escoamento e planejamento da produção. “Os filhos estão começando a buscar alternativas na cidade. Isso é talvez um dos maiores problemas, que não é latente agora, mas será muito grave em um curto período de tempo. É algo que sempre conversamos: como olhar para essa nova geração e incentivá-la a realmente querer estar no campo?”, indagou.

Formado em comércio exterior, Everton Machado Borges realizou o caminho inverso: ele trabalhava em uma multinacional em São Paulo em 2016, quando o pai, que era produtor de eucalipto e mamão de forma convencional em São José do Rio Preto, adoeceu.

O filho então retornou à propriedade da família para ajudar nos negócios. “Nessa época, eu já pesquisava muito sobre orgânicos em São Paulo. Tentei trazer o conhecimento corporativo que adquiri no meu trabalho e trazer para o campo, utilizando a área ociosa da propriedade para gerar recursos, mas pensando também na questão do meio ambiente. Queremos trazer um benefício para as famílias da região”, conta.

Resultado de imagem para produção orgânica paulista

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Hoje, ele produz uma diversidade de frutas, legumes e verduras orgânicas: tomate, goiaba, banana, batata doce, quiabo, pepino, alface, cenoura, brócolis, vagem, abóbora, beterraba, rabanete. Produz até mesmo molho de tomate orgânico. Em 2019, recebeu a certificação pelo 2º ano de Transição Agroecológica, entregue na Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia- Bio Brazil Fair, e está no 2º ano da certificação IBD de Produto Orgânico.

Com a marca “Sítio da Vó”, em homenagem à sua avó que iniciou o plantio na propriedade, Everton entrega cestas com os produtos orgânicos já embalados. Com o apoio dos irmãos, um engenheiro agrônomo e uma nutricionista, Everton também recorre à orientação dos técnicos da regional da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) de São José do Rio Preto, que o auxiliam tanto na parte técnica como para melhorar o escoamento do seu produto.

Para Everton, é preciso fazer um trabalho grande para incentivar as próximas gerações a realizar uma produção cada vez mais sustentável. “Começar do zero como eu fiz na questão dos orgânicos sempre é mais difícil, não tanto pela produção, mas porque é preciso criar mercado”, pondera. “Mas realizar um trabalho diferenciado, com agregação de valor ao produto, pode ajudar a criar essa estrutura para as próximas gerações.”

Para o engenheiro agrônomo e especialista em sucessão familiar, Daniel Pagotto, o desafio da continuidade dos negócios no agro é similar nos diferentes nichos de produção. “Muda um pouco quanto ao tamanho do negócio, quanto aos ativos totais envolvidos. Quanto maior o ativo e o negócio, mais sentido faz a discussão. De todo modo, o desafio maior continua sendo a família enfrentar o assunto, e inserir discussões dentro do dia a dia, com a criação de fóruns específicos para isso”, afirma.

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