Foto: Divulgação O episódio traz invariavelmente à tona memórias da tragédia do ônibus 174, ocorido em junho de 2000, no bairro do Jardim Botânico, também no Rio. Ainda que haja diferenças nas táticas usadas pela PM e que o final seja completamente diferente, o episódio ocorrido há 19 anos é o primeiro que vem à mente quando se fala em sequestro de ônibus.
No sequestro desta terça-feira, informações ainda não oficialmente confirmadas dão conta de que foram ouvidos disparos e de que autor do sequestro teria sido morto. Não há informações sobre outras possíveis vítimas.
Na ação quase duas décadas atrás, o desfecho foi trágico. Na ocasião, Sandro Barbosa do Nascimento, entrou armado no ônibus 174, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e manteve passageiros reféns por quase cinco horas.
A ação terminou com a morte da professora Geísa Firmo Gonçalves.
Um policial tentou atirar no criminoso, mas errou a mira, atingindo Geísa de raspão no queixo e Sandro do Nascimento atirou na refém, que morreu baleada. O sequestrador também acabou morto, asfixiado dentro de um carro da Polícia Militar, depois que ele foi detido.
Toda a ação da PM foi transmitida ao vivo pela imprensa brasileira. O episódio desta terça-feira (20) no Rio de Janeiro também está sendo amplamente noticiado pela imprensa.
Neste caso, um homem armado e com um galão de gasolina teria forçado o motorista a parar o veículo na ponte Rio-Niterói, por volta das 5h30. A Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Federal foram rapidamente até o local e interditaram o trânsito na pista onde o ônibus está estacionado.
Já o trânsito na pista contrária continuou livre por pelo menos uma hora até ser interditada, o que gerou questionamentos sobre a segurança dessa medida, já que vários policiais armados estavam posicionados ao redor do ônibus e um tiroteio poderia, eventualmente, colocar em risco os passageiros dos carros ao redor.
Segundo a Polícia Militar, havia 37 passageiros no ônibus e seis foram liberados até às 08h20 desta terça-feira (20).
Os erros da operação no sequestro do ônibus 174 De imediato, já é possível perceber diferenças na atuação desta terça da polícia com a operação falha na tragédia do ônibus 174.
O episódio ocorrido no ano 2000 gerou uma série de críticas à Polícia Militar, que fez modificações nas táticas de operação em sequestro do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Durante as cinco horas de sequestro, o criminoso fez reiteradas ameaças de morte aos reféns até que, no início da noite (o sequestro começou às 14h), ele desceu do veículo usando a professora Geísa Gonçalves como escudo.
Nesse momento um policial do Bope se aproximou e atirou em direção ao assaltante, mas errou o alvo e atingiu o queixo da professora de raspão. O sequestrador, então, atirou três vezes nas costas de Geísia, que tinha 21 anos e estava grávida de dois meses.
A polícia, então, deteve o sequestrador e ele morreu asfixiado no interior da viatura da PM. A operação foi considerada desastrosa pelas próprias autoridades policiais e por especialistas em segurança.
Sandro tinha 21 anos quando sequestrou o ônibus 174. Ele foi abandonado pelo pai e viu a mãe ser assassinada a facadas quando era criança. Passou, então, a viver nas ruas e em abrigos. Até os 17 anos, já tinha diversas passagens por instituições de menores em conflito com a lei.
Sandro era um dos sobreviventes de outra tragédia ocorrida no Rio que passou para a história como "a tragédia da Candelária". Na ocasião, um grupo de meninos que viviam na área da igreja da Candelária, no centro do Rio foram mortos a tiros. Oito meninos morreram e dentre os assassinos estavam policiais e ex-policiais.
Um dos questionamentos feitos na época foi sobre o motivo de a PM não ter acionado atiradores de elite já que o sequestrador teria se colocado, em alguns momentos, em posição vulnerável.