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02/08/2019 às 16h24min - Atualizada em 02/08/2019 às 16h24min

Os três alimentos que ajudam os bebês desnutridos a se recuperar mais rápido

A desnutrição é um problema que afeta mais de 150 milhões de crianças em todo o mundo, diz OMS

BBC
Uma alimentação rica em banana, grão-de-bico e amendoim ajuda na recuperação da flora intestinal de crianças desnutridas, de modo a impulsionar seu desenvolvimento
É o que mostra uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Washington, nos EUA, publicada na revista científica Science. Estes alimentos se revelaram particularmente indicados para estimular as bactérias saudáveis do organismo de crianças gravemente desnutridas em Bangladesh. E essa seria a chave, de acordo com o estudo, para que os ossos, o cérebro e o corpo das crianças, de uma maneira geral, se tornem mais propensos a crescer.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a desnutrição infantil é um problema crítico de saúde global que atinge mais de 150 milhões de crianças em todo o mundo, sendo responsável por quase metade das mortes de crianças menores de cinco anos. Além de serem fracas e pequenas, muitas crianças desnutridas apresentam comunidades de bactérias "incompletas" ou "imaturas" em seus intestinos, em comparação com crianças saudáveis da mesma idade.

Estimular as bactérias boas
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo acreditam que esta microbiota "imatura" pode ser a razão que explica a falta de crescimento das crianças. Mas nem todos os alimentos são igualmente eficientes para resolver o problema.

Os cientistas estudaram então os principais tipos de bactérias presentes nos microbiomas de crianças em Bangladesh. E fizeram um experimento para ver que grupos de alimentos estimulavam essas bactérias em camundongos e porcos.

Na sequência, testaram por um mês diferentes combinações de dietas em 68 crianças com idades entre 12 e 18 meses em Bangladesh. Após monitorar a recuperação das crianças, uma dieta se destacou entre as demais: a que era composta por pasta de banana, soja, farinha de amendoim e grão-de-bico.

Eles descobriram que essa dieta estimulava os micro-organismos presentes no intestino ligados ao crescimento dos ossos, ao desenvolvimento do cérebro e do sistema imunológico. São ingredientes baratos e encontrados em Bangladesh, sendo acessíveis também em outras partes do mundo.

Reparação
Jeffrey Gordon, professor da Universidade de Washington e principal autor do estudo, explica que o objetivo da pesquisa era "mirar nos micróbios para recuperação" das crianças. "Os micróbios não enxergam bananas ou amendoim, eles só veem uma mistura de nutrientes que podem usar e compartilhar."

"Esta foi a fórmula que funcionou melhor em seres humanos e animais, uma vez que gerou uma reparação maior"
, acrescenta Gordon, que realizou o estudo em parceria com o International Centre for Diarrhoeal Disease Research, em Dhaka.

Outras dietas, ricas em arroz ou lentilhas, por exemplo, não funcionaram tão bem. E, em alguns casos, provocaram ainda mais danos à flora intestinal. Gordon explicou que ainda não está totalmente claro por que esses alimentos funcionaram melhor.

Um estudo mais completo está em andamento para avaliar se esta dieta tem efeitos no longo prazo sobre o peso e a altura das crianças.

"Esta é uma comunidade de micro-organismos que vai muito além do intestino", diz ele. "Está intimamente ligada ao estado de saúde e precisamos entender seus mecanismos para também poder repará-los no futuro".

O que é o microbioma?
A maior parte do seu corpo não é humana: se você contar todas as células do seu organismo, apenas 43% são humanas. O restante são micro-organismos, o chamado microbioma, que inclui bactérias, vírus, fungos e archaeas (grupo de micro-organismos unicelulares).

Não é à toa que o microbioma é conhecido como o nosso "segundo genoma".

Os microbiomas diferem imensamente de pessoa para pessoa, dependendo da dieta, estilo de vida e outros fatores. E eles influenciam tudo: saúde, apetite, peso, humor. Cientistas acreditam que o microbioma pode estar relacionado a transtornos como alergias, obesidade, inflamação intestinal, Mal de Parkinson, depressão e autismo.
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