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23/07/2019 às 09h55min - Atualizada em 23/07/2019 às 09h55min

'Em 3 dias o País pode parar', diz líder dos caminhoneiros autônomos

Mesmo com a suspensão da tabela do frete que deixou caminhoneiros insatisfeitos, categoria ameaça greve. Ministério da Infraestrutura convoca reunião de emergência.

Huff Post
Foto: Divulgação
A ameaça de uma nova greve de caminhoneiros fez com que o governo revogasse nesta segunda-feira (22) a nova tabela do piso mínimo de contratação de frete. O recuo, porém, não acalmou os ânimos da categoria. Diante de focos de paralisação em vários pontos do País, o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes, convocou uma reunião de emergência com lideranças da categoria para o fim da tarde desta segunda (22). 

De acordo com Walderlei Alves, conhecido como Dedeco, que faz parte do grupo que é recebido em Brasília pelas autoridades do setor ao lado dos sindicatos, desta vez está “mais difícil segurar” os colegas.

“Pelo que tenho sentido, em três dias o país pode estar parado como no ano passado”, acrescenta. 

A declaração de Dedeco é endossada por outros caminhoneiros com quem o HuffPost conversou. Para eles, há chances de a paralisação ganhar corpo e tomar proporções nacionais, “caso o governo não atenda a reivindicação da categoria”. A classe quer o ajuste da tabela de frete com uma remuneração para a categoria.

Até o momento, as mobilizações estão concentradas no Nordeste e em Minas Gerais. Existem filas de caminhões, por exemplo, na BR-381, em Governador Valadares (MG); na BR 116, na altura de Ipatinga (MG), e na altura do km 43 (CE); na BR-101 próximo à região metropolitana do Recife (PE); e na BR-230 em Campina Grande (PB). 

Revolta crescente

Acompanhamos  grupos de WhatsApp em que se discute a possibilidade de greve. Nos vídeos e áudios compartilhados entre centenas de caminhoneiros autônomos, a queixa é constante. É clara a indignação da classe com as associações. “Só defendem os próprios interesses e dos empresários”, costumam afirmar. 

Os principais sindicatos da classe, CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) e a Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros) não se pronunciaram. Os caminhoneiros autônomos, porém, afirmam não se sentir representados pelas associações.  

De acordo com Dedeco, na última audiência pública em que se discutiu o tabelamento dos fretes, a CNTA não esteve presente. “Eles só querem saber de almoço caro, de discutir em jantares. Defender quem está na estrada, ninguém quer não.”

Tabelamento

A corrida do governo para conter uma greve ocorre um ano após a categoria ter parado o País, ainda na gestão Michel Temer. Na época, houve uma crise de abastecimento por mais de uma semana. A tabela foi uma das reivindicações da categoria atendidas à época.  

Em abril deste ano, na primeira ameaça de paralisação, o governo já havia acenado com outras medidas, como uma linha de crédito para manutenção de caminhões e obras em rodovias. 

A tabela suspensa de forma cautelar a pedido do ministro Tarcísio Gomes nesta segunda prevê o uso de 11 categorias de cargas no cálculo do frete mínimo, além de ampliar os itens considerados no cálculo. Amplia também a distância percorrida, e considera o tempo de carga e descarga do caminhão, custo com depreciação do veículo, remuneração do caminhoneiro, impostos, entre outros. Segundo a ANTT, para a elaboração do tabelamento, foram consideradas mais de 500 contribuições. 

Para os caminhoneiros, a nova tabela só cobre os custos do frete, sem nada para o motorista. “Aí você trabalhar para troca de pneu, essas coisas”, disse um dos caminhoneiros à reportagem. 
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