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08/03/2019 às 09h31min - Atualizada em 08/03/2019 às 09h31min

Endometriose: a doença da mulher moderna

A doença afeta 176 milhões de mulheres no mundo, sendo responsável pela metade dos casos de pacientes que não conseguem engravidar

Dr. João Oscar de Almeida Falcão Junior
Assessoria de Imprensa, Naves Coelho
Foto: Divulgação
O mês de março foi escolhido por médicos e portadores de endometriose de todo o mundo, para levar informação e conscientização da doença que incapacita tantas mulheres para o trabalho, prejudicando muito a sua qualidade de vida. De caráter crônico e ainda sem causas definidas, a endometriose vem crescendo em números de casos na população feminina, sendo classificada como a doença da mulher moderna.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima-se que no Brasil, 15% das mulheres ou sete milhões, sofrem com a endometriose.  A doença – que atinge uma a cada dez em idade reprodutiva, com idades entre 15 e 45 anos – afeta 176 milhões de mulheres no mundo, sendo responsável pela metade dos casos de pacientes que não conseguem engravidar.

Segundo o ginecologista e coordenador do Núcleo Integrado de Pesquisa e Tratamento da Endometriose do Hospital Felício Rocho, João Oscar de Almeida Falcão Junior, o endométrio é a parte interna do útero que cresce todo o mês, esperando uma gravidez e quando isso não acontece, esse local descama e a mulher menstrua. “Se o endométrio está dentro da cavidade, podemos identificar uma situação normal, mas se ele sai da cavidade uterina e infiltra em outros locais do corpo feminino, como as trompas, ovário, intestino e bexiga, isso pode ser nominado como endometriose”, esclarece.

Dentre seus principais sintomas estão as cólicas menstruais intensas; fluxo menstrual exacerbado ou irregular; dor crônica na região pélvica; fadiga e exaustão; dor no fundo da vagina, na bexiga ao urinar, e durante os movimentos intestinais; desconforto durante a relação sexual; inchaço; náuseas; vômito; constipação; diarreia; e dificuldade para engravidar ou a infertilidade.

João Oscar explica que ao serem diagnosticadas com a doença, muitas mulheres ficam perdidas na procura por tratamento, pois ela atinge várias partes da região pélvica e se comporta de maneira diferente em cada paciente, assim se torna necessário um atendimento multidisciplinar e especializado. “Por mais que o ginecologista seja a referência da mulher para as questões de saúde, em especial para a endometriose, é necessário muitas vezes uma abordagem que vai exigir a atuação de um proctologista, urologista ou de outros profissionais. Então, o objetivo do núcleo é oferecer um espaço em que as pacientes tenham fácil acesso a estes especialistas, sendo atendida em todas as suas necessidades para o tratamento da doença”, aponta.

De acordo com o ginecologista, os sintomas da dor nas mulheres com endometriose podem se manifestar de variadas maneiras e intensidades. Assim, mesmo que as lesões dentre as pacientes sejam parecidas, os sintomas costumam se apresentar de formas diferentes, e isso, dificulta muito o diagnóstico da doença. “Eu costumo falar, que existem pacientes que tem a endometriose mínima e super sintomática, apresentando desconforto nas relações sexuais e dificuldade para engravidar, mas ao mesmo tempo, também existem pacientes que possuem várias lesões da endometriose e não sentem nada, conseguem engravidar e ter uma vida completamente normal”, comenta.

João Oscar, explica que a endometriose, ainda que apresente o comportamento infiltrativo, é benigna e não tem possibilidade de se desenvolver como um tumor maligno. “Assim como o câncer, a endometriose pode começar de um determinado ponto e invadir outras áreas do corpo, mas diferente do câncer, a endometriose não é maligna. O diagnóstico precoce da doença aumenta as chances de se evitar as complicações do desenvolvimento dessa infiltração”.

O tratamento da doença pode ser medicamentoso – por meio do uso de analgésicos, anti-inflamatórios, progestágenos, pílulas de baixa dose, análogos de GNRH ou DIU Mirena – ou cirúrgico de forma aberta, videolaparoscópica ou robótica. Conforme o ginecologista, a cirurgia consiste basicamente na retirada das lesões de endometriose, e isso pode implicar na retirada parcial ou integral de um órgão. “O tratamento da endometriose depende extremamente dos anseios das pacientes e de seus sintomas. “Existem mulheres que querem muito engravidar, mas como não aguentam as dores, optam pela cirurgia. No entanto, dependendo da área afetada, a cirurgia pode danificar ou retirar órgãos essenciais para uma possível gravidez”, afirma.
 

 
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