08/02/2019 às 14h05min - Atualizada em 08/02/2019 às 14h05min
Cientistas produzem impressora 3D que cria objetos sólidos a partir de luz
Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley apresentam nova tecnologia de impressão em 3D à base de resina sintética e feixes luminosos
Olhar Digital
Foto: Divulgação Cliever No universo fictício de Star Trek, o replicador da Starship Enterprise conseguia “
desmaterializar a matéria” e, então, reconstituí-la em outra forma à vontade. Que seja um delicioso sundae de chocolate, por exemplo! Não era incomum se deparar, nos filmes, com a reconstituição de comidas a fim de saciar algum tripulante faminto da nave.
Embora distantes desse mundo, uma equipe de pesquisadores desenvolveu, na vida real, uma impressora 3D capaz de construir objetos inteiros instantaneamente. O método, chamado de litografia axial computadorizada (Computer Axial Litography - CAL), esculpe a matéria em uma resina sintética que solidifica ao entrar em contato com diferentes intensidades e padrões de luz. O procedimento promete mais eficiência que a impressão em camadas, técnica mais utilizada atualmente. O trabalho foi publicado no jornal acadêmico Science.
Com uma ferramenta apelidada de “
replicadora”, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley e do Laboratório Nacional Lawrence Livermore reproduziram diversos materiais: de miniaturas de aviões e pontes a cópias do queixo humano, passando por minúsculas réplicas da famosa escultura “
O Pensador”, de Rodin. Segundo eles, apenas dois minutos bastam para a impressão.
Como funciona a impressão? O método CAL envolve muito mais que luz e resina. Os desenvolvedores detalham que a impressão se inicia com um modelo computadorizado de um objeto 3D. Um projetor irradia as imagens ao interior de um cilindro giratório preenchido por resina sintética. Segundo o artigo, as projeções em vídeo são perfeitamente sincronizadas com a rotação do cilindro.
Enquanto o recipiente gira, o modelo projetado é alterado a fim de controlar, com o passar do tempo, a quantidade de luz irradiada em cada parte. “
Pontos que receberam muita luz solidificam, enquanto os demais permanecem líquidos”, explica Hayden Taylor, da Universidade da Califórnia, ao The Guardian.
Apesar de ainda prematura, a tecnologia pode ser utilizada para desenhar aparelhos médicos específicos para cada paciente e, até mesmo, componentes aeroespaciais. A precisão do CAL, que é capaz de produzir
“superfícies excepcionalmente estáveis”, segundo os pesquisadores, é uma das principais vantagens sobre a impressão 3D convencional — que ainda pode deixar minúsculas cristas no contorno dos objetos.
Ainda de acordo com o artigo, com esse novo método é possível construir estruturas em 3D a partir de componentes sólidos preexistentes. O CAL é ajustável para a impressão de volumes maiores e é consideravelmente mais ágil, sob uma ampla gama de condições, que métodos camada por camada.
Ao The Guardian, os autores ponderam que a habilidade de imprimir sobre outros objetos pode, um dia, resultar em cabos personalizados para ferramentas e equipamentos esportivos, bem como sofisticadas lentes de contato com circuito elétrico.