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24/01/2019 às 15h17min - Atualizada em 24/01/2019 às 15h17min

Desperdício de alimentos: causas e prejuízos econômicos e ambientais

O custo da comida jogada fora é de 750 bilhões de dólares ao ano

Ecycle
Imagem editada e redimensionada de Liana Mikah, está disponível no Unsplash
Você sabia que o desperdício de alimentos atinge um terço de toda a comida produzida no mundo? Pois é, a política do mercado financeiro que gera produção em excesso e o transporte são fatores significativos para esse problema. Mas além disso, há desperdício de alimentos na cozinha da nossa casa. Vamos dar uma olhada mais profunda nessa questão.

De acordo com a FAO (agência das Nações Unidas preocupada em erradicar a fome), 54% do desperdício de alimentos no mundo ocorre na fase inicial da produção, que é composta pela manipulação pós-colheita e pela armazenagem. Os outros 46% do desperdício, de acordo com a mesma fonte, ocorrem nas etapas de processamento, distribuição e consumo.

Quando lembramos que todos os dias 870 milhões de pessoas passam fome, esses dados sobre desperdício de alimentos se tornam aterrorizantes.

No mundo
A Europa sozinha é responsável por 222 milhões de toneladas do desperdício de alimentos, o equivalente a toda a produção de alimentos na região da África Subsaariana!

Em colheitas menos sofisticadas, grande parte da produção é perdida no transporte e manuseio.

No Brasil, grande parte do desperdício de alimentos acontece durante o manuseio e logística da produção: na colheita, o desperdício é de 10%. Durante o transporte e armazenamento, a cifra é de 30%. No comércio e no varejo, a perda é de 50%, enquanto nos domicílios 10% vai para o lixo.

Segundo um relatório do Instituto de Engenharia Mecânica, existe uma perda de 37% e 80% da produção de arroz no Leste Asiático. Na Índia, 20 milhões de toneladas de trigo são perdidas por sistemas de abastecimento e distribuição impróprios.

Em países desenvolvidos, o desperdício tem uma razão mais estética, onde consumidores se recusam a comprar produtos com aparência mais abatida ou feridos, e as próprias redes rejeitam alimentos de aparência menos saudável.

No Reino Unido, 30% da colheita britânica é rejeitada por não atingir as expectativas do mercado quanto a suas características físicas, e sete milhões de toneladas de alimentos (o equivalente a dez bilhões de libras, ou 40 bilhões de reais) são descartadas pelo mesmo motivo.

O desperdício também está presente na casa do consumidor britânico, onde metade dos alimentos comprados são descartados.

Consciência e prática do consumidor
Uma pesquisa feita pela Unilever, chamada World Menu Report, afirma que 96% dos brasileiros se preocupa com desperdício de alimentos, uma porcentagem alta em comparação à Alemanha (79%), aos Estados Unidos (77%) e à Rússia (69%). Porém, o que é contraditório é que o país possui um dos maiores índices de desperdício de alimentos do mundo! Com 40 mil toneladas de alimentos que vão para o lixo todo dia. Segundo a ONG Banco de Alimentos (organização que busca combater a fome e o desperdício de alimentos), cada brasileiro desperdiça mais de meio quilo de alimento por dia.

As causas para tamanho desperdício são muitas. Muitos produtos, como frutas e vegetais, estragam antes de saírem das prateleiras. Muitos consumidores compram produtos que estragam antes de irem para a mesa e uma parte considerável do que chega até ela não é consumido. Existem também os problemas durante o transporte. Longas distâncias e embalagens impróprias (ou até mesmo a ausência de embalagens) são fatores impactantes.

Prejuízos econômicos
Quanto mais alimento jogado fora, mais caro ele fica. Inclusive foi baseada nessa lógica de mercado que, na década de 1930 (e ainda hoje, ilegalmente), no Brasil, a produção de café em excesso foi queimada para gerar lucro.

Um relatório feito em 2013 apontou que, apesar de trazer lucro para pouquíssimas pessoas, em escala mundial, o desperdício de alimentos custa 750 bilhões de dólares por ano. Agora imagine essa quantia em reais.

Prejuízos ambientais
O desperdício de alimentos prejudica enormemente o meio ambiente. Imagine que boa parte dos agrotóxicos, água, terras, fertilizantes, desmatamento, transporte, gastos de energia e petróleo para a produção de máquinas e combustíveis empregados em todos os processos da agropecuária são utilizados em vão. Isso faz com que seja necessário intensificar ainda mais a produção e, consequentemente, a pressão ao meio ambiente.

No caso de desperdício de alimentos de origem animal, o prejuízo ambiental é maior, pois a criação de carneiro ou boi demanda maiores quantidades de insumos que a produção vegetal.


Isso sem falar na questão do aumento da quantidade de resíduos sólidos, que é formado majoritariamente por resíduos orgânicos (60%).

Como evitar
Grande parte do desperdício de alimentos está na própria produção. Mas o consumidor pode contribuir de alguma forma para mudar esse quadro.

A primeira dica seria, sempre que possível, optar por alimentos produzidos localmente, uma vez que estes não sofrem (ou sofrem menos) as perdas do transporte e da degradação, tornando-se, quem sabe, um locávoro.

Outra forma de evitar desperdício é optar por consumir Pancs (Plantas alimentícias não-convencionais) ruderais, pois essas são uma alternativa às monoculturas e muitas vezes nascem naturalmente em casa ou nas proximidades, podendo ser colhidas na hora do uso, ou pouco tempo antes, evitando também perdas de transporte a longa distância e degradação pelo armazenamento.


Você também evita o desperdício de alimentos aprendendo a fazer receitas com cascas, raízes e sementes. Você já pensou em comer casca de banana, por exemplo? Já conhece nossas 18 diferentes formas de reaproveitar a casca do limão? Ou ainda os sete benefícios da semente de abóbora para a saúde?

Você também pode contatar os produtores de alimentos mais próximos e formar grupos de consumo com seus vizinhos, pois fazendo compras coletivas o preço fica mais em conta e o produtor pode produzir de acordo com a demanda, evitando desperdício.

Outra alternativa aliada a essas é compostar seus resíduos orgânicos. Assim, em vez de virar “lixo” e ocupar espaço em aterros e lixões, ele vira húmus e servirá de insumo, inclusive, para você doar ou começar a plantar localmente em algum espaço compartilhado com vizinhos.

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