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28/09/2018 às 16h11min - Atualizada em 28/09/2018 às 16h11min

O autoextermínio e os conflitos no contexto familiar

Silvana Cordeiro Felipetto
Assessoria de Imprensa, Naves Coelho
Foto: Divulgação
Quando os pais planejam ter filho, muita expectativa se cria acerca do futuro daquele ser que vem ao mundo. A vinda do bebê provoca nos pais e adultos próximos uma profunda ternura e respeito ao mistério da vida. 

Passados alguns anos, muitas crianças, recebidas com essa bagagem de emoções, encontram dificuldades em entender e aceitar que aquelas pessoas em que desvelaram verdadeiro amor nos primeiros anos de vida, passaram a negligenciar e privá-los do carinho e proteção, o que resultará em sérios problemas psíquicos.

Dados estatísticos mostram que os filhos oriundos de lares desestruturados pela presença da violência, de abusos e toda forma de negligência, estão três vezes mais suscetíveis ao padecimento de instabilidades causadas por doenças emocionais, se comparados àqueles que convivem em uma estrutura familiar sólida.

O reflexo desta desestruturação está diretamente ligado ao fato de que é no ambiente familiar que o indivíduo desenvolve vínculos afetivos, além das normas de conduta e valor pessoal. A criação deste indivíduo sem os valores encontrados na convivência familiar não há parâmetros aos seu comportamento.

Segundo pesquisas desenvolvidas com jovens adolescentes cujos pais são divorciados, cerca de 85% deles afirmaram que sentiam falta das ocasiões em que estavam em contatos constantes com seus pais dentro de casa.

Algumas fontes estudadas mostram que os fatores familiares, incluindo psicopatologia dos pais; a história familiar de comportamento suicida; a discórdia familiar; as perdas dos pais por morte; ou a sensação de perda dos pais pelo divórcio, aliado ao estresse crônico são os maiores fatores de alterações na esfera social, relacionamentos, escolar, profissional e parental causando sequelas graves e muitas vezes irreversíveis.

A saída da mãe para o mercado de trabalho impôs a criação de novos papeis por parte dos integrantes do grupo familiar, aos quais foram modificados ao longo do tempo sem que houvesse uma preocupação quanto às consequências de desestruturação da entidade familiar.

O Estado, não se sabe por comodismo ou por interesse de seus respectivos governantes a qualquer destas situações, desenvolveu em sua nova ordem sua “identidade”, vez que passou a legislar e sancionar leis que favorecem a desagregação do modelo tradicional de família.

Esta jornada imprevisível nos mostra como a maioria dos adultos desconhece a fragilidade emocional e os traços que refletem as dores de uma criança ou adolescente.

Neste sentido, o desenvolvimento de uma compreensão, baseada no diálogo, respeito e empatia de todos os envolvidos na criação desta criança, aliado aos conhecimentos dos profissionais de saúde e mediadores de conflitos, que promovem intervenções direcionadas, com foco na identificação deste comportamento na infância ou adolescência que gera o conflito, mostra-se fundamental no sentido de prevenir o autoextermínio infanto-juvenil.

Assim, a prevenção é o maior redutor da possibilidade de autoextermínio e deve ser debatido no contexto familiar estendendo à comunidade escolar, pois nela está o convite à transformação da nossa relação com a vida, a fim de trazer um significado maior para aqueles a quem nos confiaram o cuidado e amor nesta existência.
 

 
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