16/12/2020 às 14h51min - Atualizada em 16/12/2020 às 14h51min

Filósofo e Psicopedagogo fala sobre a violência contra a mulher na pandemia

Segundo o Psicopedagogo: “Sabemos que a violência contra a mulher não é denunciada por vários motivos, dentre eles, o medo, a vergonha e a descrença na própria efetividade da lei - comenta.

Professor de filosofia

Professor de filosofia

Thiago Agostinis Cândido " O verdadeiro conhecimento vem de dentro". Sócrates

Filósofo e Psicopedagogo Thiago Agostinis. ( Foto: Divulgação)
A Campanha “Apite sem medo” tem o intuito de orientar as vítimas na busca de ajuda dos órgãos competentes, quebrando assim o ciclo da violência e mobilizar autoridades, educadores e educandos, pais e filhos a fim de sensibilizá-los acerca da problemática apresentada.
Um simples apitar em um apartamento residencial demonstra socorro de abusos domésticos. Por meio de formas inusitadas como essas, o professor e psicopedagogo clínico Thiago Agostinis Cândido, especialista pela UfsCar (Universidade Federal de São Carlos) pensou, junto a alguns de seus alunos a se mobilizarem para ajudar a mulher a buscar socorro em caso de violência doméstica nesses tempos de pandemia do coronavírus. Isoladas dentro de seus apartamentos e, na maioria das vezes, tendo de conviver com o agressor, um número crescente de brasileiras que residem em apartamentos está sendo vítima de abuso doméstico na quarentena.

No dia Internacional da Mulher, em 8 de março, e também no Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, em 25 de novembro, foi distribuído apitos rosas as mulheres estudantes e moradoras do condomínio onde Thiago reside. Esta conscientização, por conta da pandemia, foi estendida e este trabalho deu continuidade neste período no intuito de fomentar a discussão e o diálogo com a sociedade sobre a complexidade do fenômeno da violência doméstica e o direito das mulheres a uma vida com segurança, liberdade, paz e bem viver, bem como influenciar políticas públicas e controle social como forma de mudar o cenário brasileiro da violência doméstica. Considerando a importância de estimular a participação cívica e o trabalho em redes sociais com objetivo de promoção dos direitos humanos das mulheres.

Em abril, quando o isolamento social imposto pela pandemia já durava mais de um mês, a quantidade de denúncias de violência contra a mulher recebidas no canal 180 deu um salto: cresceu quase 40% em relação ao mesmo mês de 2019, segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH). Em março, com a quarentena começando a partir da última semana do mês, o número de denúncias tinha avançado quase 18% e, em fevereiro, 13,5%, na mesma base de comparação.

Apesar do maior volume de denúncias, o aumento da violência doméstica escapa das estatísticas dos órgãos de segurança pública. A razão é que, isolada do convívio social, a vítima fica refém do agressor e impedida de fazer um boletim de ocorrência na delegacia. “A queda que houve nos boletins de ocorrência e processos no período de pandemia não corresponde à realidade das agressões”, esclarece o filósofo.
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